Como aceitar a morte com dignidade


Livro defende priorizar conforto a manter pacientes vivos sem esperança (Reprodução)

Quando perguntados aonde gostariam de passar seus últimos dias, a maioria dos norte-americanos responde “em casa, cercado por pessoas amadas”. Na vida real, contudo, a penar um em cinco realiza esse desejo. Mais de 30% morrem num asilo, onde quase ninguém deseja estar, e mais da metade perece num hospital, com frequência em centros de tratamento intensivo, pesadamente sedados e entubados por equipamentos até seus médicos desistirem da batalha.

Ira Byock é o diretor de medicina paliativa do centro médico de Darthmouth-Hitchcoc e professor da Escola de Medicina de Darthmouth. Seu livro é uma apelo para que aqueles próximos à morte sejam tratados mais como indivíduos e menos como cases de medicina nos quais todos os recursos tecnológicos disponíveis devem ser empregados. Com duas décadas de experiência na área, ele argumenta de maneira convincente que em certos casos deve-se abdicar da sobrevida a todo custo e ajudar o paciente a morrer suavemente caso este seja seu desejo.

Isso não inclui suicídio assistido, ao qual ele se opõe, mas inclui a garantia de alívio suficiente da dor para que o paciente fique confortável, a coordenação de seu tratamento entre os diferentes especialistas envolvidos, manter os pacientes informados, disponibilizar pessoal o bastante para atender às necessidades deles, organizando o que for necessário para que o paciente possa ser tratado em casa quando possível, e não mantê-los vivos como procedimento padrão quando não há esperança.

Esse território é delicado. O Medicare Hospice Benefict Act, aprovado pelo Congresso norte-americano há 30 anos, oferece cuidados paliativos àqueles cuja expectativa de vida é menor do que seis meses, mas requer que o paciente abandone o tratamento de sua condição uma vez que inicie os tratamentos paliativos. Isto afasta muitos pacientes. E quando eles escutam “tratamento paliativo” e “asilo”, sua reação costuma ser “não estou tão mal assim”.

O estilo de escrita de Bryock não agrada a todos. As histórias pessoais dos pacientes são contadas nos mínimos detalhes, fazendo com que o leitor engasgue com o grau de sofrimento físico e psicológico que cabe à maioria das pessoas ao fim de suas vidas. Ao fim, o autor adquire um tom bastante messiânico, advogando por uma sociedade mais cuidadosa que não dá nenhum sinal de se materializar. Contudo, certamente ele tem razão ao sugerir uma administração mais razoável de um problema que só tende a piorar.

The Economist

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