Escravos do smartphone


Aplicativos aumentam o poder de sedução dos smartphones (Reprodução/Economist)

Dispositivos inteligentes às vezes têm o efeito de dar mais poder às pessoas, mas para a maioria o servo se tornou o mestre. Há não muito tempo só os médicos podiam ser acessados por telefone a qualquer momento. Hoje em dia todo mundo pode. Chefes não hesitam em invadir o tempo livre de seus subordinados. O trabalho invade os lares muito mais do que tarefas domésticas invadem os escritórios. Pessoas em geral estáveis checam seus smartphones obsessivamente, mesmo durante o jantar, e enviam e-mails ao acordar e logo antes de dormir.

Isto se dá em parte porque os smartphones são viciantes. Blackberrys e iPhones fornecem estímulos ininterruptos junto a recompensas periódicas. Quando você checar o retângulo brilhante, há uma boa chance de que você verá uma mensagem de um cliente, um lembrete de seu chefe ou pelo menos um e-mail de um senhor nigeriano oferecendo US$ 1 milhão em troca de seus dados bancários.

A hiperconectividade exagera algumas das tendências mais desestabilizadoras do ambiente de trabalho moderno. Os empregados têm cada vez mais dificuldade em distinguir entre horas de trabalho e horas extras. Os executivos ocupam-se com duas jornadas adjacentes: uma formal, repleta de reuniões, e uma informal, na qual ele gasta seu tempo tentando se inteirar da torrente de e-mails e mensagens. Nada disso é bom para a saúde do corpo ou do casamento dos trabalhadores corporativos. Pode ser que seja ruim para os negócios também. Num cenário em que os chefes mudam de ideia no último minuto, é difícil se planejar para o futuro. E vários estudos já mostraram o que deveria ser senso comum: as pessoas pensam mais profundamente quando não estão sendo constantemente interrompidas.

Quanto mais rápido ficarem os smartphones e mais sedutores os aplicativos feitos para eles, mais viciadas ficarão as pessoas. Os cônjuges podem ajudar jogando os malditos aparelhos pela janela ou atirando-os num balde d’água. No fim das contas, cabe às companhias ser mais inteligentes que os smartphones ao insistir que seus funcionários os desliguem de tempos em tempos.

The Economist

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