Gel de testosterona...

Uso abusivo preocupa médicos

Substância foi aprovada nos EUA para uso em pacientes com problemas graves, como tumores endócrinos ou aqueles que sofrem dos efeitos da quimioterapia (Reprodução/Internet)

Na visão da maioria dos profissionais da saúde, apresentar níveis baixos de testosterona não é uma condição médica, o que não impede que empresas farmacêuticas vendam um gel feito à base do hormônio masculino em farmácias e que procurem convencer seu público alvo a pensar na testosterona como um “problema”.

Nos EUA, uma enxurrada de comerciais de TV procuram atiçar a curiosidade de homens mais velhos com discursos do tipo: “Você tem percebido que não pratica mais esportes como antigamente? Você tem pouca energia? Sua libido não é mais a mesma? Converse com seu médico e descubra se você tem baixa testosterona”, ou “Low T”, como eles dizem.

Axiron, um desses géis que são absorvidos rapidamente pela pele, da fabricante Eli Lilly & Company, custa mais de US$500 em farmácias e supermercados. A venda sob prescrição gerou mais de US $ 2 bilhões nos Estados Unidos no ano passado, cifra que deve mais que dobrar até 2017. Só no ano passado, a Abbott Laboratories, que fabrica o AndroGel, gastou mais de 80 milhões dólares em publicidade do gel. Ao todo, fabricantes de medicamentos americanas gastaram US$ 3,47 bilhões em comerciais de TV e outras formas de propaganda direta e, enquanto alavancaram as vendas de géis de testosterona, entre outros “medicamentos”, prejudicaram os consumidores.

Na opinião da maioria dos médicos, baixa testosterona não passa de um problema inventado na maioria dos casos para vender solução. O que começou como um tratamento de nicho para pessoas que sofrem de deficiências hormonais sérias causadas por problemas de saúde como tumores endócrinos ou os efeitos da quimioterapia está cada vez mais sendo vendido para qualquer homem que “sofre” de envelhecimento crônico.

“O mercado para géis de testosterona evoluiu porque há um apetite entre os homens e porque existe a publicidade”, disse Joel Finkelstein, professor associado da Harvard Medical School, que está estudando alterações hormonais masculinas associadas ao envelhecimento. “O problema é que ninguém provou que isso funciona e não sabemos os riscos”.

Eric Topol, cardiologista e diretor acadêmico da Scripps Health, em San Diego, está alarmado com a elevada percentagem de pacientes que ele vê que usam o produto e que apresentam níveis de testosterona “ridiculamente altos”. Os seus efeitos colaterais podem ser perigosos e incluem aumento do risco de doença arterial coronária ou aumento da próstata.

Segundo os médicos, não há “níveis normais” de testosterona porque cada pessoa é diferente. A Food and Drug Administration (FDA, a Anvisa americana) aprovou a venda dos géis sob prescrição “para homens que não produzem o hormônio ou que o produzem em quantidades muito baixas”, mas essa orientação é ambígua e pode levar ao abuso da substância. Até que haja estudos de longo prazo analisando seus efeitos, não há como saber se ele é seguro para homens saudáveis.: The New York Times

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