POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA - Um inimigo para o coração

O transporte de partículas minúsculas de fuligem através dos pulmões para as artérias pode provocar doenças cardiovasculares (Foto: Pixabay)

Não há dúvida que a poluição atmosférica provoca doenças pulmonares. Porém, ainda se discute se também causa doenças cardiovasculares devido à migração de partículas minúsculas de fuligem através dos pulmões para as artérias. Até agora, era um ideia baseada apenas em suposições. Mas um estudo de Mark Miller da Universidade de Edimburgo publicado na revista científica ACS Nano sugeriu que a hipótese é correta.

A fuligem proveniente da queima de combustível é difícil de isolar como material biológico e, por esse motivo, seguir seu percurso no corpo humano é uma tarefa complexa. A fim de contornar essa dificuldade, Miller e seus colegas usaram partículas diminutas de ouro fáceis de detectar, mesmo em baixa concentração, em seus experimentos. Além disso, o ouro não é uma substância tóxica, um fato importante, porque Miller usou cobaias humanas em sua pesquisa.

No primeiro experimento a equipe de pesquisadores reuniu um grupo de 14 homens saudáveis. Enquanto se exercitavam durante duas horas inalavam ar contendo partículas de ouro. Miller e seus colegas monitoraram o sangue e a urina dos voluntários por 24 horas, e outra vez três meses mais tarde. Os pesquisadores detectaram a presença de ouro no sangue e urina de duas cobaias 24 horas depois da exposição às partículas, o que comprovou a tese que partículas minúsculas podem migrar dos pulmões para os vasos sanguíneos.

Os pesquisadores então suspeitaram que as partículas tinham sido transportadas para as artérias por macrófagos, células do sistema autoimune capazes de envolver ou destruir corpos estranhos, como havia acontecido em experimentos com ratos geneticamente modificados.

Em seguida, a equipe recrutou três voluntários com doenças cardiovasculares. Os três inalaram as partículas de ouro 24 horas antes de serem submetidos à cirurgia cardíaca. Miller e seus colegas detectaram a presença de ouro nas placas que obstruíam as artérias coronarianas.

Embora a pesquisa não seja conclusiva no que se refere ao comportamento das partículas de fuligem, em comparação com o das partículas de ouro, ela reforça os argumentos dos ambientalistas sobre os perigos da poluição atmosférica para a saúde dos seres humanos.The Economist

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