BLOCO EM CRISE

Colômbia deixa a Unasul e expõe crise no bloco

Medida foi anunciada pelo presidente colombiano Iván Duque (Foto: Twitter/Iván Duque)

O governo da Colômbia oficializou na última segunda-feira, 27, sua saída da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), por considerar que o bloco não denunciou o tratamento brutal dado pelo governo venezuelano a seus cidadãos.

A medida foi anunciada pelo presidente colombiano, Iván Duque, em um comunicado oficial do governo. “Quero informar aos colombianos que, hoje, por instruções precisas, o senhor ministro das Relações Exteriores da República enviou à Unasul a carta onde nós denunciamos o tratado constitutivo dessa entidade, e que em seis meses se tornará efetiva a saída da Colômbia dessa organização”, disse Duque.

Em seu discurso, o presidente colombiano destacou que a Colômbia não pode “continuar sendo parte de uma instituição que tem sido a maior cúmplice da ditadura na Venezuela”.

A saída da Colômbia da Unasul não surpreende, uma vez que já vinha sendo estudada pelo governo colombiano. Além disso, tudo indica que o país não será o único a deixar o bloco.

Bloco em crise

Criada em 2008, em um evento em Brasília, pelos ex-presidentes Lula, Hugo Chávez (Venezuela) e Néstor Kirchner (Argentina), a Unasul tinha como principal objetivo ser uma propulsora da integração regional sul-americana nos âmbitos social, cultural, político, ambiental e científico. Argentina, Bolívia, Chile, Equador, Guiana, Peru, Suriname, Venezuela e Uruguai também se juntaram ao bloco.

Porém, nos últimos anos, o bloco enfrenta uma série crise financeira e política. As agruras financeiras, em parte, refletem a crise econômica que varreu países sul-americanos. Como apontou uma reportagem do jornal Folha de S. Paulo, a instituição funciona hoje “com menos de 25% do necessário para cobrir seu orçamento e corre o risco de perder sua sede”, localizada em Quito.

Já a crise política teve início em 2016, quando Venezuela, Bolívia e Equador bloquearam a nomeação do embaixador argentino José Octávio Bordón para secretário-geral da Unasul, num movimento liderado por Caracas, que considerou que o ocupante do cargo deveria ser um ex-presidente ou ex-chanceler.

O impasse se estendeu nos anos seguintes, e o bloco ficou sem um secretário-geral, tendo como chefe de facto o colombiano Yuri Chillán, antes chefe de gabinete da Secretaria-Geral da Unasul.

Em abril deste ano, Brasil, Argentina, Colômbia, Paraguai, Chile e Peru suspenderam o pagamento ao bloco em protesto contra o impasse sobre a Secretaria-Geral. Além disso, novas contratações foram bloqueadas. A medida aprofundou ainda mais a crise no órgão, e, no início deste mês, Chillán anunciou sua renúncia por meio de uma carta. Nela, ele denunciava que o ambiente interno do órgão “se tornou tóxico” e que dos US$ 9,6 bilhões previstos para o orçamento deste ano, o bloco recebeu apenas US$ 223 mil.

Segundo Chillán, se a Unasul não recebesse recursos em julho, pararia de realizar o pagamento de seus funcionários. Paradoxalmente, a Venezuela, o país sul-americano em mais profunda crise, pagou à Unasul US$ 2,3 milhões que garantem a sobrevivência do bloco até o próximo ano. O pagamento foi feito dias após a renúncia de Chillán.

Ascensão do Grupo de Lima

Paralelamente à crise na Unasul, outro bloco regional vem ganhando força. Trata-se do Grupo de Lima, do qual fazem parte Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, Honduras, México, Panamá, Paraguai e Peru.

O grupo foi fundado no âmbito da Declaração de Lima, assinada em 8 de agosto do ano passado, quando representantes de 17 países se reuniram em Lima para buscar soluções para a crise econômica, democrática e humanitária na Venezuela. Além de discutir soluções para a crise, o grupo também tem como objetivo implantar uma agenda econômica reformista na América do Sul.FOLHA

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