RECUPERANDO A AUTONOMIA

O futuro da Grécia pós-resgate financeiro

A Grécia sofreu um duro golpe durante a crise financeira de 2008 (Foto: PxHere)

Na década de 2000, a Grécia, em razão das baixas taxas de juros disponíveis para os países membros da União Europeia (UE), endividou-se em excesso. O país sofreu um duro golpe com a crise financeira global em 2008. Em seguida, a pressão dos credores em 2010 receosos de um possível risco de inadimplência aumentou ainda mais o custo dos empréstimos do país.

Diante da crise econômica da Grécia, que desestabilizaria a zona do euro, o Banco Central Europeu, a Comissão Europeia e o Fundo Monetário Internacional (FMI) deram uma ajuda financeira ao governo grego no valor de € 220 bilhões.

Como contrapartida dessa ajuda, a UE e o FMI exigiram que a Grécia adotasse uma rígida política de austeridade econômica, a fim de recuperar a estabilidade financeira e a confiança dos investidores. No entanto, a crise econômica aprofundou-se.

Em 2015, com a eleição de Alexis Tsipras do partido de esquerda Syriza como primeiro-ministro, a Grécia ameaçou sair da zona do euro se não houvesse concessões à política de austeridade econômica. Mas o governo recuou em sua proposta e aceitou um novo resgate de US$ 90 bilhões, mais uma vez acompanhado da exigência de duras reformas econômicas estruturais.

Após oito anos e três programas de ajuda financeira, a Grécia recupera sua autonomia, apesar de uma dívida de € 316 bilhões, o equivalente a cerca de 180% do PIB, porém não mais devida a credores internacionais e com um longo prazo de reembolso.

Hoje, a taxa de juros de empréstimos no mercado internacional é de cerca de 4,3%, uma recuperação notável dos 35% em 2012, quando os mercados fecharam-se para a Grécia. Ainda assim, é uma taxa mais alta do que a de outros países da UE que receberam ajuda financeira, como Portugal, Espanha e Irlanda.

O desemprego diminuiu, mas a taxa é de 19,5%, a mais alta da Europa, sobretudo entre os jovens. O PIB aumentou em 1,3% em 2017 e, segundo previsões do FMI, terá um crescimento de 2% este ano. Já o nível da produção industrial se mantém em 25% abaixo do patamar de há dez anos.

Ainda como contrapartida dos programas de resgate, o governo grego comprometeu-se a manter a meta de um superávit primário, o resultado da arrecadação tributária menos os gastos, com exceção dos juros da dívida, em cerca de 3% do PIB até 2022.

Por todos esses motivos, o governo grego comemora com reserva essa nova etapa de autonomia econômica ciente dos desafios para superar o trauma do longo período de austeridade e de preservar o país de futuras crises.Independent

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