HUMANA HIBRIDA

Cientistas descobrem filha de duas espécies humanas diferentes

A evidência mostra que os híbridos poderiam ser ainda mais comuns do que se imaginava (Foto: Sergei Zelensky/ IAET SB RAS)

Cientistas identificaram uma menina de cerca 13 anos de idade, que viveu há milhares de anos, como filha de uma mulher neandertal e um homem denisovano. Os ossos da criança foram encontrados em 2014, em uma caverna na Sibéria, mas o estudo com a nova descoberta só foi publicado na última quarta-feira, 22, na revista Nature.

Acredita-se que ela nasceu há cerca de 90 mil anos, comprovando que humanos de espécies diferentes tinham o costume de fazer sexo em mais oportunidades do que se imaginava. Na época, neandertais, denisovanos e humanos modernos habitavam a Terra, mas os pesquisadores nunca haviam encontrado evidências de alguém fruto da mistura de espécies.

“Embora ainda não conheçamos a anatomia dos denisovanos [só foram achados fragmentos de ossos e dentes], acredito que, apesar de não serem iguais, anatomicamente não seriam muito diferentes. […] Os denisovanos seriam algo assim como a versão asiática dos neandertais”, explicou Juan Luis Arsuaga, codiretor do sítio arqueológico de Atapuerca, ao El País.

A equipe que chegou ao resultado final foi liderada pelos pesquisadores Svante Päabo e Viviane Sloan, do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva de Leipzig, na Alemanha. A menina foi chamada de Denisova 11, ou Denny, e seu material genético mostrou que ela não foi a primeira humana hibrida. Isso porque seu pai, que era denisovano, também tinha genoma neandertal.

Os cientistas já sabiam que diferentes espécies faziam sexo. Tanto que grande parte dos habitantes da Terra atualmente tem genoma Neandertal, enquanto pessoas da Ásia e Oceania costumam apresentar traços de genoma denisovano. No entanto, ainda não havia sido encontrada nenhuma evidência de reprodução entre neandertais e denisovanos.

“Nunca pensei que teríamos a sorte de encontrar um descendente direto dos dois grupos”, destaca a pesquisadora Viviane Sloan. A equipe de pesquisa acredita que a relação entre as espécies ocorreu entre um denisovano isolado de sua espécie e uma neandertal que viajava a partir do oeste.

O pesquisador Carles Lalueza, do Instituto de Biologia Evolutiva de Barcelona, também acredita que o pai de Denny seja um denisovano isolado, mas relembra que pouco se sabe sobre a espécie. Até porque, segundo o cientista, todos os denisovanos encontrados até o momento descendem da mesma cova. “O realmente revolucionário seria encontrar outro denisovano em outro lugar, porque, talvez, estejamos estudando uma população marginal”, explica o pesquisador.

Até o momento, os cientistas só tinham encontrado quatro denisovanos. A sorte, descrita por Sloan, se mostrou tão grande que o quinto denisovano encontrado foi justamente um hibrido. A descoberta, por fim, traz evidências de que os híbridos poderiam ser ainda mais comuns do que se imaginava.The New York Times

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