Até eles reclamavam!

Monges medievais reclamavam nas margens de manuscritos

Eles faziam pequenos rabiscos ou comentários descontraídos nas margens dos manuscritos (Reprodução/io9)

Os monges medievais eram os trabalhadores entediados de sua época, passando horas a fio copiando manuscritos em cadeiras desconfortáveis e salas geladas. Para se divertir, eles às vezes faziam pequenos rabiscos ou comentários descontraídos nas margens dos manuscritos que estavam copiando. Na nova edição da Lapham’s Quarterly, o autor Colin Dickey explica essas admoestações:

“Com suas reclamações rabugentas – “Estou com muito frio”, “Ai, minha mão” – eles se inserem nos textos sagrados e frequentemente, no processo, perturbam a santidade do trabalho que eles estão supostamente copiando: “Agora eu escrevi a coisa toda: pelo amor de Deus me dê uma bebida.”

Essas interjeições adoráveis e joviais repesentam apenas uma pequena amostra da expressão que pode ser encontrada em manuscritos medievais. Como Michael Camille documenta em Images on the Edge: The Margins of Medieval Art, é nesses comentários marginais que aprendemos sobre o mundo medieval tanto quanto – se não mais – do que nos textos em si. A marginalia pode inclur comentários como esses dos nossos monges infelizes, mas também uma enorme variedade de floreios artísticos e rabiscos.

Aqui está uma série das melhores notas marginais reunidas pela Lapham’s Quarterly.

Notas em manuscritos feitas por escribas e copistas medievais

Pergaminho novo, tinta vagabunda. Não digo mais nada.

Estou com muito frio.

Esta é um página difícil e um trabalho de leitura cansativa.

Que seja permitido que a voz do leitor honre a pena do escritor.

Esta página não foi escrita muito lentamente.

Esse pergaminho está peludo.

A tinta está rala.

Graças a Deus, em breve anoitecerá.

Ai minha mão.

Agora eu escrevi a coisa toda: pelo amor de Deus me dê uma bebida.

Escrever é um trabalho entediante. Encurva as costas, estraga a visão e embrulha o estômago.

São Patrício de Armagh, me salve da escrita.

Enquanto eu escrevi eu congelei, e o que eu não consegui escrever à luz do sol, eu escrevi à luz de velas.

Assim como o porto é bem vindo ao marinheiro, a última linha também o é para o escriba.

Isso é triste! Ó pequenino livro! Chegará o dia quando alguém abrirá esta página e dirá, “Essa mão que escreveu isso já não é mais”.io9

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