Filhos deixam homens mais felizes

Apesar de estarem constantemente associados à perda da liberdade e à depressão masculina, paternidade aumenta a felicidade e o senso de propósito dos homens, diz estudo

Aumento da felicidade masculina com os filhos poderia ser um mecanismo da evolução para mantê-los junto à família (Reprodução/Internet)

Será que paternidade me fará feliz? Essa é uma pergunta que muitos homens se fazem, e a evidência científica é um tanto equívoca. Muitos estudos têm relacionado a paternidade com níveis mais baixos de satisfação conjugal, e índices mais altos de depressão do que são encontrados entre os não-pais.

Biologicamente falando, isso parece estranho. A seleção natural pode favorecer a progênie dos homens que gostam de criá-los. Por outro lado, a pressão de compensação de ter outras crianças, por outras mulheres, só pode deixar o homem insatisfeito.

Para investigar o assunto, Sonja Lyubomirsky, psicóloga da Universidade da Califórnia, em Riverside, decidiu estudar a literatura existente, e realizar algumas experiências por conta própria. Os resultados, recém publicados na Psychological Science, sugerem que a paternidade realmente é uma bênção, embora o pai em questão possa, por vezes sentir que está mascarando seus sentimentos.

A primeira parada da Dra Lyubomirsky foi a Pesquisa Mundial de Valores. Este é um projeto que reúne grandes quantidades de dados sobre as vidas de pessoas em todo o planeta. Para efeitos de sua pesquisa, a Dra. Lyubomirsky analisou as respostas que 6.906 norte-americanos tinham dado, em quatro anos diferentes, a quatro questões específicas: quantos filhos o entrevistado tinha; o quão satisfeito ele (ou ela) estava com sua vida; o quanto ele era feliz, e quantas vezes ele pensou sobre o significado e o propósito da vida.

Ela descobriu que, independentemente do ano em que a pesquisa foi realizada, os pais tiveram maior felicidade, satisfação e sentido de vida do que os não-pais. As diferenças não eram enormes, mas eles foram estatisticamente significativas. Além disso, um olhar mais atento mostrou que as diferenças em felicidade e satisfação foram o resultado da pontuação dos homens que já haviam experimentado a paternidade. Os resultados das mulheres não se alteraram.

Armada com estes resultados, a Dra. Lyubomirsky conduziu sua própria experiência. O problema com projetos como o World Values Survey é que, como os participantes devem recordar seus sentimentos ao invés de afirmar o que estão enfrentando no aqui e agora, isso pode levá-los a pensar mais carinhosamente em retrospectiva sobre os seus deveres paternais do que realmente sentiram no momento. A Dra Lyubomirsky, portanto, deu pagers para 329 voluntários norte-americanos com idades entre 18 e 94, tendo registrado pela primeira vez, entre outras coisas, seu sexo, idade, etnia, nível socioeconômico, estado civil e número de filhos. Ela disse que eles seriam contatados ao acaso, cinco vezes por dia. Quando eles eram contatados, deviam preencher uma folha de resposta breve sobre como se sentiam naquele momento. No entanto, ela nunca lhes disse por que estava fazendo estas perguntas.

O resultado foi o mesmo que os encontrados no World Values Survey. Os pais alegaram emoções mais positivas e mais significado em suas vidas do que os não-pais, e um olhar mais atento revelou que eram os homens que mais gostavam de tais benefícios. Além disso, a análise revelou ainda que essa felicidade maior veio de atividades que envolveram crianças e não aqueles (como assistir televisão sozinho ou cozinhar) realizadas sem os filhos.

Parece, então, que a evolução encontrou um mecanismo psicológico para manter os homens na família. À primeira vista, é estranho que as mulheres não compartilhem desse mecanismo, mas talvez eles não precisem. Elas sabem que, afinal, que os filhos são delas, enquanto o melhor que um homem pode fazer é esperar que seja verdade. Isso, e o potencial de um homem para ser pai de um número indefinido de filhos, se ele conseguir encontrar voluntárias, pode incentivá-lo a se afastar do seio de sua família. Desfrutar da paternidade, pelo contrário, vai ajudar a mantê-lo na casa.

The Economist

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