Código Florestal...falta descer do Muro!

Decisão sobre Código Florestal acontece às vésperas da Rio+20

Ativismo político contribui para chamar atenção da sociedade brasileira e defender medidas ecológicas (Reprodução/O Globo)

Faltando menos de um mês para a Rio+20, conferência da ONU sobre desenvolvimento sustentável, a decisão da presidente Dilma Rousseff de vetar, total ou parcialmente, o novo Código Florestal ganha ainda mais destaque. Em artigo publicado nesta quarta-feira, 23, em seu site, o Le Monde disse que a lei aprovada pelo Congresso em Brasília abre caminho para o aumento do desmatamento da Amazônia e classificou-a como vergonhosa para o Brasil, especialmente no atual momento.

O jornal francês sublinhou a importância da decisão que chamou de “um desses instantes em que se define uma carreira” e criticou a demora da presidente, que tem até o dia 25 de maio, sexta-feira, para deliberar. Foi ressaltado ainda que Dilma havia se comprometido durante sua campanha eleitoral a não aceitar uma reforma do Código Florestal de 1965, que, depois de aplicado com mais rigor a partir da década de 1990, permitiu reduzir a cada ano por três a superfície desmatada.

A aprovação da lei no Senado foi vista como uma vitória do setor agropecuário, já que demonstra a forte influência dos ruralistas junto aos grupos políticos. Na Câmara, dos 513 assentos, eles tiveram o apoio de cerca de 300 deputados. O fato de dentro do próprio PT apenas a metade dos deputados ser contrária à lei, seria mais uma prova da pressão exercida pelos ruralistas. Eles acusam as leis de proteção ao meio ambiente de impedirem o Brasil de atingir seu verdadeiro potencial econômico.

Essa mudança completa da política de proteção das florestas é a afirmação de um novo paradigma, onde na luta entre ‘produção’ e ‘preservação’ venceria a primeira, escreveu o Le Monde. O jornal apontou que essa disputa, no entanto, está enfrentando dificuldades. Projetos apoiados por Dilma, como criação de rodovias atravessando a Amazônia e a construção de grandes centrais hidroelétricas nos rios amazonenses estão suscitando controvérsias e debates. O ativismo político de vários artistas contribui para chamar atenção da sociedade brasileira e defender medidas ecológicas.

No caso mais recente, o cartunista Mauricio de Sousa foi inclusive criticado e xingado pelo presidente da Federação da Agricultura e Pecuária, Assuero Veronez, por usar sua conta no Twitter para pedir que Dilma vete o Código Florestal. “Integre-se ao movimento ‘veta dilma’. duas espécies ameaçadas pelo novo código (des)florestal”, escreveu o criador da Turma da Mônica. Veronez respondeu à mensagem chamando-o de “babaca ignorante” e dizendo não respeitar “quem usa sua notoriedade para fazer ativismo político sobre assunto que não conhece”.

Expectativa

As intenções da presidente são misteriosas, já que ela não deixou transparecer sua posição quanto à decisão que deverá tomar. A ministra do Meio Ambiente Izabella Teixeira espera um veto total. Já o ministro da Agricultura Mendes Ribeiro Filho, que vê vários dos artigos do texto como inaceitáveis, especula que a presidente deva rejeitar vários, como a anistia a desmatadores. Será preciso aguardar até o dia 25 para saber quem está certo.

Le Monde

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