AJUDA HUMANITÁRIA VENEZUELA

O xadrez político na crise venezuelana

Proibição à entrada de comboios intensifica as críticas a Maduro (Foto: Twitter/Juan Guaidó)

Os Estados Unidos e o Grupo de Lima elevaram a pressão sobre o governo de Nicolás Maduro. Após observar que o reconhecimento de Juan Guaidó como presidente do país não constrangeu o governo Maduro e que a oferta de anistia a militares também não resultou na erosão de apoio esperada naquele que é o último reduto da base de Maduro, uma nova estratégia foi adotada.

Desde a primeira semana deste mês, os EUA e países do Grupo de Lima, como Brasil, Chile e Colômbia, passaram a enviar comboios de ajuda humanitária para a Venezuela. Maduro barrou a entrada dos suprimentos, algo que já era de se esperar.

Isso porque seria improvável que Maduro aceitasse a entrada de suprimentos enviada pelos mesmos atores com os quais há meses experimenta um acirramento nas relações, que evoluiu para ataques verbais diretos, sanções e até mesmo em uma sugestão de envio de tropas americanas para a Colômbia – feita após o conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, John Bolton, “descuidadamente” aparecer diante de jornalistas em uma coletiva, segurando um bloco de anotações, no qual era possível ver um rabisco escrito “5000 tropas para a Colômbia”.

A reação de Maduro intensificou as críticas referentes à desumanidade de seu regime, capitalizando a indignação popular em prol da pauta opositora, tendo o próprio Guaidó se deslocado de Caracas até Cúcuta, cidade que faz fronteira com a Colômbia e onde está armazenada a maior parte do comboio humanitário barrado.

De personalidade autoritária e obcecado pelo poder, Maduro, de fato, transformou seu governo em uma ditadura. A situação da Venezuela hoje é bem diferente da deixada por seu antecessor, Hugo Chávez, o que levou muitos entusiastas do chavismo a retirar o apoio a Maduro, por considerar que seu governo não representa o chavismo como este foi concebido, como apontou uma reportagem do jornal El Tiempo, o maior da Colômbia, intitulada “Os chavistas originais que Maduro espantou”.

Imagens de mercados com prateleiras vazias, pessoas se arriscando em locais insalubres em busca de alimentos e milhares migrando para países vizinhos estão diariamente presentes nos noticiários.

A crise na Venezuela é tão complexa que, atualmente o país parece ter dois governos paralelos: de um lado, o parlamento respalda o autoproclamado presidente Guaidó; de outro, Maduro ainda detém o cargo oficial de presidente e o apoio do Tribunal Supremo de Justiça e da Assembleia Nacional Constituinte.

A situação pede uma solução urgente, mas, como a política é calcada em um jogo de interesses, vale analisar os interesses dos atores envolvidos o porquê de, após anos de denúncias de crise humanitária, especialmente por parte da OEA, somente agora decidiram “meter a mão na cumbuca”.Melissa Rocha

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