MOVIMENTO DE ÓDIO

Macron anuncia medidas contra o antissemitismo

Túmulos foram profanados em cemitério judaico (Foto: Divulgação/Presidência da República Francesa)

Diante de um crescente antissemitismo na França, o presidente francês Emmanuel Macron anunciou novas medidas para combater o movimento de ódio aos judeus. A principal é a adoção da definição do antissemitismo da Aliança Internacional de Memória do Holocausto (IHRA, na sigla em inglês).

O anúncio foi feito na noite da última quarta-feira, 20, durante um jantar do Conselho Representativo das Instituições Judaicas da França (Crif, na sigla em francês). Além da adoção ao conceito da IHRA, o Crif lançou a campanha Todos Unidos Contra o Antissemitismo (#TousUnisContreAntisemitisme). A imagem oficial da campanha é uma Estrela de Davi com as cores da bandeira francesa.

De acordo com o IHRA, o antissemitismo “é uma certa percepção dos judeus, que pode ser expressa como ódio aos judeus. As manifestações físicas e retóricas do antissemitismo são dirigidas a indivíduos judeus ou não-judeus e/ou suas propriedades, em relação a instituições comunitárias judaicas e instalações religiosas”.

Além da adoção da definição, que servirá como um guia para professores, autoridades e famílias, Macron anunciou que, até maio, será apresentado ao Parlamento francês um projeto de lei para exigir que as redes sociais excluam conteúdo com discursos de ódio mais rapidamente. Segundo o chefe de Estado, a legislação será inspirada em uma lei alemã.

“Quem não vê que o antissemitismo se esconde cada vez mais sob a máscara do antissionismo? O antissionismo é uma das formas modernas de antissemitismo. É por isso que confirmo que a França implementará a definição de antissemitismo adotada pela Aliança Internacional de Memória do Holocausto. Não se trata de modificar o Código Penal. Trata-se de esclarecer e fortalecer as práticas de nossos magistrados ou professores.”, afirmou Macron.

Na Alemanha, uma lei estabelece que discursos de ódios devem ser removidos das redes sociais em até 24 horas após ser denunciados. Caso a legislação não seja cumprida, milhões de euros em multa podem ser aplicados. Macron usou o momento para criticar a vagarosidade do Twitter em atuar no combate ao discurso de ódio, afirmando que a rede social demora dias, e até semanas, para excluir o conteúdo.

O ministro do Interior da França, Christophe Castaner, afirmou que o antissemitismo cresceu 74% somente em 2018 em todo o território francês. O número representa 500 casos a mais em relação com 2017. O aumento do movimento teria ligação com os Coletes Amarelos e a expansão da extrema-direita, liderada por Marine Le Pen, no país. Pesquisas recentes apontam que metade dos apoiadores dos Coletes Amarelos acreditam uma conspiração sionista.

Recentemente, 96 túmulos foram profanados em um cemitério judaico em Estrasburgo, no leste da França. Na última quarta-feira, a promotoria pública de Paris informou que um homem foi preso por discurso antissemita contra o filósofo judeu Alain Finkielkraut. Na semana passada, suásticas foram pichadas em caixas de correio com o rosto de Simone Veil, uma sobrevivente do Holocausto. Um memorial também foi profanado.

Nesta semana, milhares de franceses, judeus e não-judeus, foram às ruas para lutar contra o antissemitismo. Durante a Segunda Guerra Mundial, milhões de judeus foram mortos devido ao antissemitismo promovido, principalmente, pelo nazismo.

“Apelo a todas as vítimas de atos antissemíticos que se queixem assim que forem insultados ou atacados”, pediu Macron como uma forma de conseguir mapear e combater o movimento antissemita. A França atualmente abriga a maior comunidade judaica da Europa, composta por aproximadamente 550 mil pessoas.

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, anunciou, pelas redes sociais, que entrou em contato com Macron sobre o crescente antissemitismo na França. O líder israelense parabenizou a adoção da França da definição da IHRA, classificando-a como “uma decisão importante”.DW

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