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Um ‘corredor de gelo’ já existiu entre Namíbia e Brasil

Fluxo era composto de fragmentos de gelo que se desprenderam de uma enorme calota (Foto: Pixabay)

A Namíbia é famosa por seus desertos e dunas de areia por vezes cobertas por um denso nevoeiro. O deserto ao longo da costa é um dos mais antigos do mundo. Mas há cerca de 300 milhões de anos, a Namíbia localizava-se perto do polo Sul, ao lado da atual América do Sul.

Na época, um fluxo composto de fragmentos de gelo que se desprenderam de uma enorme calota polar seguia rápido do sul da África em direção ao a onde hoje fica o Brasil. Hoje, a Namíbia e o Brasil estão separados pelo oceano Atlântico, mas segundo a teoria da deriva continental, os continentes atuais formavam o supercontinente Pangeia, que devido ao movimento das placas teutônicas fragmentou-se e deu origem à configuração atual da Terra.

Em um estudo publicado na revista científica PloS One, os geólogos Grahan Andrews e Sarah Brown da Universidade de West Virginia descreveram como haviam descoberto e comprovado a existência dessa corrente de gelo.

Em visita de estudo à Namíbia, Andrews e Brown observaram algumas colinas alongadas em forma de dorso de baleia, formações geológicas resultantes da ação de geleiras.

Porém, para seus colegas geólogos da Namíbia as colinas não tinham sido formadas pela ação de correntes de gelo. Essa opinião não convenceu Andrews e ao voltar para a universidade convidou dois de seus alunos a ajudá-lo na pesquisa da origem dessas colinas.

Andrew McGrady, um dos alunos, usou imagens de satélite para classificar quase 100 colinas do deserto da Namíbia. As colinas estudadas tinham características semelhantes aos depósitos sedimentares formados por geleiras em outros lugares do mundo.

As colinas da Namíbia também tinham sulcos profundos, o que indicou que a corrente de gelo movia-se rápido e em grande quantidade por sua superfície rochosa.

Shannon Maynard, a outra aluna de Andrews, traduziu um material em português sobre antigos depósitos de gelo na América do Sul semelhantes aos da Namíbia, sobretudo no Brasil. Essas informações comprovaram a teoria de que havia um fluxo de fragmentos de gelo entre a Namíbia e o Brasil na era Paleozoica.

“A identificação dessas formações geológicas representou um enorme desafio”, disse James Lea, professor de glaciologia da Universidade de Liverpool. “As colinas da Namíbia proporcionam uma visão fascinante da evolução de uma antiga paisagem glacial.”

Além de uma visão do passado, segundo Lauren Knight, uma especialista em geomorfologia da Universidade de Portsmouth, no Reino Unido, essa corrente de gelo assemelha-se às correntes da Antártida e da Groelândia. “Mesmo após cerca de 300 milhões de anos”, disse, “elas mostram como as geleiras reagem ao aquecimento global”.The New York Times

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