BRICS CÚPULA

Brasil pede que Rússia e China escutem "grito" do povo venezuelano

EFE/ Marcelo Sayão

O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, pediu na última sexta-feira aos chanceleres dos outros países-membros do Brics (Rússia, Índia, China e África do Sul) para que escutem o "grito" por liberdade do povo da Venezuela.

"No processo de construção de uma região democrática e de economias abertas na América Latina, não podemos deixar de escutar hoje um grito que pede liberdade. Esse grito vem da Venezuela, do povo venezuelano. Toda a comunidade internacional precisa escutar esse grito, entendê-lo e atuar", declarou Araújo em pronunciamento na reunião ministerial do grupo no Rio de Janeiro.

A crise na Venezuela é um divisor de águas dentro do Brics, já que desde janeiro o governo de Jair Bolsonaro reconhece como chefe de Estado da Venezuela o autoproclamado presidente interino Juan Guaidó, enquanto Rússia e China mantêm o apoio a Nicolás Maduro.

"O Brasil escutou esse grito, e peço a todos os senhores que também o façam. Na Venezuela há, de um lado, um governo constitucionalmente estabelecido e, de outro, um regime sustentado à força, que produz miséria e sofrimento do seu povo e que causou o êxodo de quatro milhões de venezuelanos", disse o ministro brasileiro.

"Só uma Venezuela democrática corresponde aos nossos ideais. O nosso ideal não é ver um país sucumbindo diante da criminalidade, da fome e da miséria", acrescentou.

Ernesto Araújo afirmou que o Brasil, como único membro latino-americano do Brics, está à disposição para explicar aos parceiros o que ocorre na Venezuela para que todos possam agir de forma conjunta.

"O Brasil sempre tenta entender as perspectivas dos outros países do Brics em conflitos nas suas regiões próximas, como no Oriente Médio e na Síria, e peço esclarecidamente que os senhores escutem a perspectiva do Brasil sobre a Venezuela", comentou.

O ministro acrescentou que os Brics necessitam discutir os grandes temas internacionais com a mesma abordagem e cooperar de forma soberana e construtiva para superá-los.

Segundo ele, o Brasil iniciou uma nova política internacional desde a chegada de Bolsonaro ao poder, baseada em princípios, e que o país quer compartilhar os seus ideais com os parceiros.

"Temos a visão de que o sistema multilateral não existe por si próprio, mas necessita renovar-se e basear-se em princípios como os direitos humanos e a dignidade humana", argumentou.

Na opinião de Araújo, os Brics têm que se esforçar para impedir que a cooperação econômica e a política sigam caminhos diferentes: "É necessário que sejam coerentes e conducentes à liberdade humana", analisou.

A terceira reunião com agenda aberta dos chanceleres conta com as participações dos ministros das Relações Exteriores do Brasil, Ernesto Araújo; da Rússia, Sergey Lavrov; da Índia, Subrahmanyam Jaishankar; da China, Wang Yi; e da África do Sul, Naledi Pandor.

O encontro, no qual os ministros abordarão diversos assuntos da agenda internacional, é preparatório para a 11ª cúpula dos BRICS, que será realizada em Brasília nos dias 13 e 14 de novembro com a presença dos cinco chefes de governo.

Os chanceleres do fórum também discutirão estratégias para aumentar a sua participação e influência nos órgãos multilaterais, principalmente na ONU - da qual exigem uma reforma -, no FMI e no Banco Mundial.

A reunião também servirá para discutir "o andamento da cooperação intra-BRICS, os resultados concretos esperados ao longo da presidência temporária brasileira e as principais reuniões do calendário anual de eventos", segundo a divulgação do evento.EFE

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