ESPANHA MÚSICA
"Em tempos de repressão surgem as obras mais criativas", diz Toquinho
Toquinho em foto de 2018. EFE/Fernando Bizerra
Toquinho, que protagonizará nesta quinta-feira um dos principais shows do festival Mar de Músicas, junto com os espanhóis Silvia Pérez Cruz e Javier Colina, elevou ao olimpo musical o recentemente falecido João Gilberto e lembrou da criatividade surgida para burlar a ditadura brasileira.
"São nos tempos de repressão que surgem as obras mais criativas", disse em entrevista à Agência Efe Antônio Pecci Filho, conhecido pela alcunha artística de Toquinho.
Nesse sentido, o paulista de 73 anos assegurou que "só a arte é capaz de libertar os laços da censura" porque um "grito de liberdade" se impõe como uma necessidade artística e humana, e, em sua opinião, foi isso o que aconteceu na cena musical brasileira nas décadas de 60 e 70.
Na conversa, Toquinho também falou sobre João Gilberto, que, segundo ele, transcende a própria bossa nova porque foi um "contemporâneo do futuro", mantendo o samba de raiz com interpretações que fizeram com que o passado se alçasse com "sua suave voz e seu ritmo transformador".
"O universo musical mudou depois de João Gilberto; a bossa é ele; o novo é ele porque a bossa nova é João Gilberto e ninguém esquece o momento exato em que escutou pela primeira vez "Chega de saudade", disse o músico.
Para Toquinho, João Gilberto é a "consequência" de uma época pré-ditatorial "positiva e otimista" para o Brasil que influenciou uma geração de jovens que desejavam expressar a alma "e os sonhos novos".
Por outro lado, a música brasileira atual tem, segundo Toquinho, um dinamismo que "difere das demais" pela existência de várias tendências e ritmos em evolução que "o tempo se ocupará de consolidar".
"O Brasil é um continente de muitos idiomas e fusões regionais", destacou.
Com relação à apresentação no festival da cidade de Cartagena, no sudeste da Espanha, que faz parte do projeto que iniciou no Brasil em novembro de 2018 com o nome "Brasil abraça Espanha", junto com a cantora Silvia Pérez Cruz e o contrabaixista Javier Colina, Toquinho comentou que desde o começo pareceu que o trio estava "criando juntos durante muito tempo".
Dessa forma, destacou que a "suavidade" da voz de Silvia e a "fascinante sofisticação objetiva" de Colina e seu contrabaixo refletiram um exercício de liberdade criativa e diálogo musical entre gerações.
Toquinho antecipou que o público do Auditório Parque Torres terá uma "relação íntima" com clássicos da música popular brasileira e da espanhola com violão, a "magnífica voz" de Silvia e os "vigorosos contrapontos" de Javier.
Entre esses clássicos estará "Aquarela", uma de suas composições que, para Toquinho, gera um "imenso prazer" por sentir o "vigor" de uma canção que vai "além das gerações", que é cada vez mais pedida e que é "mágica".
Perguntado pela relação do Brasil com Portugal, o país convidado desta edição do Mar de Músicas, Toquinho comentou que o choro, o samba e o fado são gêneros musicais populares e tradicionais e estão vinculados à identidade e à imaginação de seus países de origem.
"Os músicos jovens redescobrem estes gêneros musicais, que se caracterizam pela mesma origem e que, marginalizados durante algum tempo, resistiram e se transformaram na voz mais intensa de sua gente," ressaltou.
Pedro Lizarán/EFE
Toquinho em foto de 2018. EFE/Fernando Bizerra
Toquinho, que protagonizará nesta quinta-feira um dos principais shows do festival Mar de Músicas, junto com os espanhóis Silvia Pérez Cruz e Javier Colina, elevou ao olimpo musical o recentemente falecido João Gilberto e lembrou da criatividade surgida para burlar a ditadura brasileira.
"São nos tempos de repressão que surgem as obras mais criativas", disse em entrevista à Agência Efe Antônio Pecci Filho, conhecido pela alcunha artística de Toquinho.
Nesse sentido, o paulista de 73 anos assegurou que "só a arte é capaz de libertar os laços da censura" porque um "grito de liberdade" se impõe como uma necessidade artística e humana, e, em sua opinião, foi isso o que aconteceu na cena musical brasileira nas décadas de 60 e 70.
Na conversa, Toquinho também falou sobre João Gilberto, que, segundo ele, transcende a própria bossa nova porque foi um "contemporâneo do futuro", mantendo o samba de raiz com interpretações que fizeram com que o passado se alçasse com "sua suave voz e seu ritmo transformador".
"O universo musical mudou depois de João Gilberto; a bossa é ele; o novo é ele porque a bossa nova é João Gilberto e ninguém esquece o momento exato em que escutou pela primeira vez "Chega de saudade", disse o músico.
Para Toquinho, João Gilberto é a "consequência" de uma época pré-ditatorial "positiva e otimista" para o Brasil que influenciou uma geração de jovens que desejavam expressar a alma "e os sonhos novos".
Por outro lado, a música brasileira atual tem, segundo Toquinho, um dinamismo que "difere das demais" pela existência de várias tendências e ritmos em evolução que "o tempo se ocupará de consolidar".
"O Brasil é um continente de muitos idiomas e fusões regionais", destacou.
Com relação à apresentação no festival da cidade de Cartagena, no sudeste da Espanha, que faz parte do projeto que iniciou no Brasil em novembro de 2018 com o nome "Brasil abraça Espanha", junto com a cantora Silvia Pérez Cruz e o contrabaixista Javier Colina, Toquinho comentou que desde o começo pareceu que o trio estava "criando juntos durante muito tempo".
Dessa forma, destacou que a "suavidade" da voz de Silvia e a "fascinante sofisticação objetiva" de Colina e seu contrabaixo refletiram um exercício de liberdade criativa e diálogo musical entre gerações.
Toquinho antecipou que o público do Auditório Parque Torres terá uma "relação íntima" com clássicos da música popular brasileira e da espanhola com violão, a "magnífica voz" de Silvia e os "vigorosos contrapontos" de Javier.
Entre esses clássicos estará "Aquarela", uma de suas composições que, para Toquinho, gera um "imenso prazer" por sentir o "vigor" de uma canção que vai "além das gerações", que é cada vez mais pedida e que é "mágica".
Perguntado pela relação do Brasil com Portugal, o país convidado desta edição do Mar de Músicas, Toquinho comentou que o choro, o samba e o fado são gêneros musicais populares e tradicionais e estão vinculados à identidade e à imaginação de seus países de origem.
"Os músicos jovens redescobrem estes gêneros musicais, que se caracterizam pela mesma origem e que, marginalizados durante algum tempo, resistiram e se transformaram na voz mais intensa de sua gente," ressaltou.
Pedro Lizarán/EFE
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