SAÚDE MALÁRIA

Como Mianmar se tornou um exemplo no combate à malária

A expectativa dos especialistas é que Mianmar se veja livre da malária até 2030 (Foto: Pixabay)

Com sua caixa de armazenamento de suprimentos médicos em mãos, Say Mu Phaw está prestes a eliminar a malária de seu vilarejo, na região de Tanintharyi, sudeste de Mianmar.

Em 2015, primeiro ano de Phaw atuando como agente de saúde, 16 pessoas sucumbiram à doença em Mi Kyaung Hlaung, onde cerca de 600 moradores vivem rodeados de mosquitos escondidos em florestas tropicais.

Antes de Phaw iniciar seu trabalho, a maior parte de seus vizinhos não tinha a mais vaga ideia do que era a malária. “Agora, sempre que reconhecem os sintomas, eles vêm a mim primeiro, antes de recorrer a outros métodos”, diz Phaw.

Say Mu Phaw é uma das milhares de agentes de saúde voluntárias espalhadas pelo país que receberam treinamento e materiais médicos de doadores estrangeiros, desde que Mianmar implantou reformas políticas, na última década, gerando um vasto fluxo de ajuda humanitária. Parte dessa ajuda foi usada para treinar voluntários e doar recursos para a saúde no país.

Com esse programa de voluntários, milhares de vidas estão sendo salvas e Mianmar está se transformando em um líder global na erradicação da malária.

Em todo o país, quase 4 mil pessoas morreram de malária em 2010, segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS). Em 2017, a doença ceifou cerca de 200 vidas. A expectativa dos especialistas é que Mianmar se veja livre da doença até 2030. O sucesso do país com agentes de saúde voluntários em aldeias “é uma coisa significativa, que outros países podem aprender”, diz a médica Patricia Graves, especialista em transmissão e controle da malária.

Igualmente importante para a redução de mortes em decorrência da doença é a distribuição de mosquiteiros tratados com inseticida de longa duração, acrescentou Graves, que viajou a Mianmar como consultora no ano passado para avaliar os projetos de malária financiados pelos EUA.

Mesmo quando o número de casos chega a zero, é vital manter-se vigilante, diz Graves. “Quando você se empenha na erradicação, tem de resolver os casos da doença de maneira muito mais veloz, porque podem tornar a recrudescer rapidamente”, explica Graves.

O médico Bo Bo Thet, diretor de pesquisa de campo em Tanintharyi da University Research Co (URC), EUA, que administra projetos de malária financiados pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid), diz que estar perto da erradicação da doença traz dois problemas.

“Um é que a conscientização da comunidade se torna bastante baixa, por isso, se alguém fica com febre, é menos provável que faça o teste de malária. O segundo problema é que, à medida que os casos de malária diminuem, a imunidade também diminui, por isso é mais fácil contrair a doença”, explica Thet.The Guardian

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