QUALIDADE DE VIDA

Tecnologias que ajudam pessoas com demência

Demonstração do aplicativo 'How Do I?', que lembra aos usuários suas tarefas cotidianas (Foto: Divulgação/How Do I?)

Em geral, as pessoas associam as pesquisas sobre demência a estudos na área biomédica para diagnosticar e tratar doenças cerebrais degenerativas, que afetam 850 mil pessoas no Reino Unido e 50 milhões em outros países.

Mas existe também um programa de pesquisa que visa melhorar os cuidados com a saúde física e mental de um número crescente de idosos que sofrem de demência.

Em julho deste ano, o Imperial College London inaugurou o Care Research and Technology Centre, um centro de pesquisa destinado a desenvolver tecnologias específicas de acompanhamento domiciliar para idosos com perda de capacidade cognitiva.

“Estudos mostram que entre 85% a 90% dos idosos querem morar em suas casas e resistem à ideia de se mudar para uma casa de repouso. O centro tem como objetivo desenvolver tecnologias especiais para ajudar as pessoas com demência a viverem com segurança e conforto em suas casas”, disse David Sharp, diretor do Care Centre.

O projeto a ser desenvolvido pelo Care Centre inclui sensores instalados nas casas e no corpo das pessoas para monitorar sinais vitais como batimentos cardíacos, pressão arterial e temperatura. Esses sensores também fornecem informações sobre alterações na maneira de andar e na atividade cerebral.

Além desse sistema computadorizado de inteligência artificial, o Care Centre irá desenvolver testes para detectar infecções, que, não sendo tratadas no início, resultam com frequência em internações hospitalares.

Os distúrbios do sono, como insônia e apneia, afetam um grande número de pessoas com demência. Por esse motivo, um sistema de sensores instalados em camas e lençóis irá monitorar a qualidade do sono. Outras medidas de segurança incluem o uso de dispositivos robóticos, que alertam as pessoas sobre os possíveis riscos de líquidos derramados no chão, ou o fogo aceso em fogões e fornos.

Ainda em julho, a IBM iniciou um projeto piloto em parceria com a startup britânica Cera Care. O projeto, com duração de seis meses, irá testar o uso da Light Detection and Ranging (Lidar), uma tecnologia óptica de detecção de objetos distantes utilizada em carros autônomos, para monitorar a rotina diária de pessoas com demência.

Após serem submetidas à análise do software Watson de inteligência artificial da IBM, as imagens tridimensionais criadas pelos pulsos de luz da Lidar mostram alterações na alimentação, nos hábitos de higiene, na qualidade do sono e na mobilidade. O projeto também prevê a instalação de um alarme para casos de emergência, como quedas.

Segundo Nicola Palmarini, especialista em envelhecimento e longevidade da IBM, a tecnologia Lidar controla com precisão a rotina diária de idosos com demência, sem comprometer a privacidade deles.

Em junho, a Alzheimer’s Society, uma instituição beneficente do Reino Unido, anunciou a concessão de um financiamento no valor de £ 100 mil para dois projetos no campo da saúde física e mental de pessoas com doenças cerebrais degenerativas.

Um dos projetos prevê a expansão do consumo da bala Jelly Drops, uma pequena bala colorida que evita a desidratação, um problema frequente em idosos, por conter 90% de água em sua composição.

O outro projeto refere-se ao desenvolvimento do aplicativo de smartphone How Do I?, que ajuda as pessoas a manterem uma rotina de atividades. O app mostra a imagem de objetos específicos na tela, que lembram aos usuários suas tarefas cotidianas. O app também exibe vídeos e fotos que estimulam a memória.

Outras iniciativas recentes incluem o projeto Radio Me, da Universidade de Plymouth, no Reino Unido, em parceria com outras universidades e emissoras de rádio, como a BBC. O projeto, com duração de quatro anos e um custo estimado em £ 2,7 milhões, destina-se a criar estações de rádio personalizadas, com o envio de mensagens e respostas em tempo real por meio do uso de uma pulseira magnética.

Todos esses projetos somam-se aos esforços da Alzheimer’s Society para reequilibrar o investimento entre a pesquisa biomédica e os recursos aplicados para melhorar a qualidade de vida de pessoas com demência, uma preocupação ainda negligenciada pelas autoridades de saúde.Financial Times

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