ESTUDO SAARA

Saara era o lar de algumas das maiores criaturas marinhas

Fósseis estão emprestados com estudiosos do Museu Americano de História Natural (Foto: Divulgação/American Museum of Natural History 2019)

Alguns dos maiores bagres e cobras marinhas que já existiram no mundo viveram no que é hoje o deserto do Saara, de acordo com um estudo que reconstituiu espécies aquáticas extintas do antigo Mar ou Canal Transaariano, que cortava o continente africano da Argélia, no norte, à Nigéria, no sul.

De acordo com o estudo, o mar tinha 50 metros de profundidade e cobria 3 mil quilômetros quadrados do que é hoje o maior deserto de areia do mundo. O sedimento marinho deixado para trás é preenchido com fósseis que permitiram aos cientistas construir uma imagem da região quando ela estava repleta de vida. O Saara, entre 100 e 50 milhões de anos atrás, parecia com o atual Porto Rico, com sol e biodiversidade marinha abundantes.

O estudo também nomeou formalmente as unidades geológicas, colocando a área no mapa geológico pela primeira vez, mostrando como o mar fluiu ao longo de seus 50 milhões de anos de existência.

Com 1,6 milhão de bagres, 12,3 milhões de serpentes marinhas e 1,2 milhão de picnodontes – um tipo de peixe ósseo – Maureeen O’Leary, que liderou o projeto, e os outros cientistas desenvolveram a ideia de que, no final do período cretáceo e início do período paleogêneo, os animais viviam em gigantismo.

Os biólogos evolucionistas há muito tempo falam sobre o fenômeno do gigantismo insular, no qual espécies que vivem em pequenas ilhas podem, às vezes, desenvolver corpos muito grandes, possivelmente porque têm mais recursos ou há poucos predadores, ou ambos.

“Nós colocamos a ideia de que talvez esse gigantismo de ilha possa pertencer às ilhas de água. Se você pegar um mar que está se movendo e saindo, talvez esteja deixando para trás bolsões de água em que novas variáveis estão ocorrendo e controlando o tamanho do corpo”, disse O’Leary.

“É um ambiente muito vivo”, disse O’Leary, da Universidade Stony Brook, nos EUA. “A população local sabia que o mar tinha existido e eles falavam sobre as conchas que encontraram e sabiam que eram conchas marinhas”.

O estudo se baseia no trabalho de expedições britânicas ao Mali na década de 1980, que, entre outras coisas, descobriu mas não escreveu sobre uma grande carapaça de tartaruga e uma importante coleção de fósseis. Os fósseis recolhidos permanecem como propriedade do Mali, mas estão emprestados ao Museu Americano de História Natural para estudo científico.

O’Leary disse que o fato de o Saara estar submerso mostrou que há um precedente para a mudança climática e o aumento do nível do mar, que deve dar aos negadores do clima uma pausa para pensar.The Guardian

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A surpreendente cratera de Xico

Por que não enxergamos estrelas verdes ou roxas?

Egípcia posa nua em blog e provoca indignação