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Fundador da Cambridge Analytica destaca papel de AIQ em vitória do "Brexit"

Um dos fundadores de Cambridge Analytica, Christopher Wylie. EFE/ Facundo Arrizabalaga

Um dos fundadores de Cambridge Analytica, Christopher Wylie, sugeriu nesta terça-feira que a empresa canadense AIQ desempenhou um "papel muito significativo" na vitória do "Brexit" no Reino Unido, e considerou que houve "manipulação".

Wylie, que é um dos criadores da companhia britânica responsável por vazar dados de milhões de usuários do Facebook, respondeu hoje a perguntas do Comitê de Assuntos Digitais, Cultura, Meios de Comunicação e Esportes da Câmara dos Comuns do Reino Unido sobre esse escândalo.

Segundo Wylie, a canadense AggregateIQ (AIQ), que trabalhou com a Cambridge Analytica durante a campanha em favor do "Brexit" e desenvolveu um software denominado "Ripon", que utilizava algoritmos de dados do Facebook, foi contratada por diversas organizações britânicas que apoiaram a saída do Reino Unido da União Europeia (UE) no referendo de 23 de junho de 2016.

A consulta, na qual venceu o sim ao "Brexit", poderia ter tido, segundo opinou o técnico de informática, "um resultado diferente" se não tivesse acontecido essa manipulação.

"Acho que é completamente razoável dizer que poderia ter havido um resultado diferente no referendo, se não tivesse ocorrido, na minha opinião, manipulação", ressaltou Wylie.

A AIQ conta com um recorde de conseguir "taxas de conversão" de entre 5% e 7% na hora de persuadir as pessoas em suas intenções de voto, e Wylie revelou que essa companhia teve como alvo entre 5 e 7 milhões de cidadãos durante a consulta.

Para Wylie, é "completamente razoável" afirmar que a "AIQ desempenhou um papel muito significativo na vitória da campanha em favor da saída (da UE)".

Sobre esse ponto, o técnico alertou de que talvez não será possível estabelecer o que aconteceu durante essa campanha até que o Reino Unido já esteja fora da UE, previsivelmente em março de 2019.

"É uma pena se averiguamos que houve uma fraude generalizada no referendo uma vez que o 'Brexit' já estiver consumado e não houver mais como voltar atrás", lamentou Wylie.

Ao ser perguntado sobre os possíveis vínculos entre as diferentes campanhas em favor da saída do bloco comunitário, o técnico se mostrou "absolutamente convencido" de que "houve um plano comum e um propósito em comum entre (as campanhas) Vote Leave, BeLeave, o DUP e Veteranos pelo Reino Unido".

Todos eles, "de alguma maneira, por algum motivo, decidiram utilizar a AIQ", disse o técnico em informática, que acrescentou que gente do alto escalão dessa companhia admitiu que seu trabalho nessas campanhas era "totalmente ilegal".

"Lembremos que esta é uma empresa que está pelo mundo minando instituições democráticas em todo tipo de países e que não se importa se o seu trabalho cumpre com a legislação porque eles gostam de ganhar", acrescentou Wylie.

A AggregateIQ, "em parte porque foi estabelecida e trabalha sob os auspícios da Cambridge Analytica, herdou grande parte da cultura da companhia de total desprezo pela lei", denunciou o técnico de computadores.

Wylie também acusou essa companhia de ter trabalhado "com material interceptado ilegalmente, de enviar vídeos de assassinatos de pessoas para intimidar eleitores e de tentar adquirir de forma ilícita dados de navegação de internet de todas as pessoas de um país inteiro".

Wylie indicou que "há muitas perguntas sobre o papel da AIQ nessa votação" e sobre "se (a empresa) cumpriu com a legislação no país".EFE

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