‘Homo sapiens’, o macaco nem-tão-nu


Humanos têm pêlos finos no corpo para lhes servir como um sistema de alarme (Reprodução/Internet)

Muito já foi discutido acerca da questão da ausência de pêlos em seres humanos: por que, como foi colocado por Desmond Morris no título de um livro publicado em 1967, o Homo sapiens é “O Macaco Nu”. Essa ausência já foi atribuída a tudo desde um período putativo aquático no passado da espécie até as vantagens de se apresentar uma pele saudável a membros do sexo oposto.
Menos atenção foi dada, contudo, ao fato de que seres humanos não são realmente completamente sem pêlos. Por centímetro quadrado, a pele humana tem tantos folículos de cabelo quanto todos os outros grandes primatas. A diferença não está no número, mas na finura do cabelo que cresce destes folículos. Esses finos pêlos humanos não parecem desempenhar nenhuma das funções de seus equivalentes em espécies mais peludas (isolamento e, através da coloração, sinalização ou camuflagem). Então para que eles servem?
Essa é uma questão abordada por Isabelle Dean e Michael Siva-Jothy da Universidade Sheffield, na Grã-Bretanha, em um artigo publicado na revista Biology Letters. Sua conclusão é de que os humanos têm pêlos finos no corpo para lhes servir como um sistema de alarme.
Dean e Siva-Jothy estavam testando a ideia de que pêlos finos estão lá para alertar seus donos quanto a rastejadores arrepiantes tais como percevejos, que podem querer mordê-los, e também que os pêlos podem atrapalhar as atividades desses artrópodes, dando aos donos mais tempo para reagir antes de ser mordido.
O “rato de laboratório” padrão para este tipo de experimento é o estudante universitário, e Dean e Siva-Jothy conseguiram recrutar 29 entusiasmados voluntários para o seu estudo – 19 homens e dez mulheres. Cada um teve um pedaço da pele de um braço raspado, marcado com uma caneta e cercado por vaselina (como uma cerca para os percevejos), e um pedaço do mesmo tamanho no outro braço marcado e cercado, mas não raspado.
Então foi hora de soltar os percevejos. Os percevejos em questão tinham sido alimentados uma semana antes, e desde então tinham sido deixados passando fome, então estavam aflitos para comer. Pediu-se que os voluntários virassem o rosto enquanto um dos pesquisadores colocava um inseto sobre sua pele. O voluntário, então, deveria registrar, apertando um botão, o número de vezes que ele percebia o inseto se movendo sobre seu corpo.
A diferença foi significativa. Quando o inseto estava sobre o pedaço com pêlos ele era detectado, em média, a cada quatro segundos. Quando estava sobre umpedaço de pele raspada, mais de dez segundos se passavam entre as detecções. Além disso, os insetos pareceram achar mais difícil encontrar um bom ponto para morder quando estavam cercados por pêlos. Embora nenhum voluntário tenha sido de fato mordido, porque a vigilância dos pesquisadores significava que os insetos eram removidos no momento em que eles estendiam suas antenas antes da mordida, os insetos sobre a pele com pêlos demoraram cerca de um quinto a mais do tempo levado por aqueles sobre a pele raspada para tentar morder seus hospedeiros. A conclusão é que, seja qual for a razão para os pêlos nos humanos terem encolhido, uma razão para eles não terem desaparecido completamente éporque eles avisam e protegem contra as investidas de parasitas.

Fonte: Economist

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