Rezando pela pílula


Utilização da pílula por freiras para fins terapêuticos levanta polêmica na Igreja Católica

A Igreja Católica condena todas as forma de contracepção, uma política que Paulo VI colocou em detalhes na Humanae Vitae de 1968. As décadas subsequentes tiveram várias discussões com autoridades seculares sobre o uso de pílulas anticoncepcionais. Mais recentemente, bispos norte-americanos brigaram para impedir a lei de saúde de Barack Obama de fornecer contracepção gratuita. A Igreja já conseguiu uma exceção para mulheres que trabalham para uma igreja, mas quer também conseguir impedir a que a medida seja oferecida a mulheres que trabalhem em qualquer instituição católica, mesmo que as mulheres em questão não sejam católicas e que a instituição tenha um propósito secular, como escola ou hospital. Considerando tudo isso, pareceria improvável que a igreja iria querer dar a pílula para suas freiras.
No entanto, é precisamente isso que um artigo na Lancet sugere. Seus autores, Kara Britt e Roger Short, da Monash University e da University of Melbourne, pedem que a Igreja fornceça pílulas anticoncepcionais às freiras. Freiras precisam da pílula não só para prevenir gravidez, mas para prevenir câncer.
Em 1713, os autores escrevem, um médico italiano observou que freiras tinham um índice muito alto de “peste maldita”, câncer. Estudos modernos confirmaram que católicas têm um risco maior do que outras mulheres de morrer de cânceres de mama, ovários ou útero. Mulheres que tem filhos têm menos ciclos menstruais graças à gravidez e à amamentação (que suspendem a menstruação). Outros estudos estabeleceram uma relação entre ciclos menstruais e prevalência de câncer, com menos ciclos significando risco menor. Freiras — que são submetidas ao celibato — têm mais ciclos do que a maioria das mulheres e, portanto, têm um risco maior de desenvolver câncer.
A pílula pode ajudar a neutralizar isso. A mortalidade geral de mulheres que usam, ou usaram, contracepção oral, é 12% menor do que a das que nunca usaram. O efeito sobre os cânceres de ovário e endométrio é maior: o risco nesses casos despenca cerca de 50%. Britt e Short apresentam um caso médico convincente. Mas, é improvável que faça a Igreja Católica mudar de ideia.

Fonte: The Economist

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