O bem Amado de Cristina

Antes de entrar na política, Boudou foi promotor de shows de rock. Ele ainda mantém uma banda

Em seu mais longo afastamento desde que assumiu a presidência da Argentina, Cristina Kirchner será operada dia 4 de janeiro, para tratar seu recém-diagnosticado câncer de tireoide. Durante 20 dias, deverá ser substituída por seu vice, Amado Boudou, uma figura desconhecida pelos brasileiros. Ao contrário do vice anterior, Julio Cobos, Boudou tem toda confiança da presidente

Para este economista nascido em 1963, trata-se de uma ascensão fulminante. Formado em economia pela Universidade Nacional de Mar Del Plata, entrou na política em 1998, ano em que foi nomeado funcionário da ANSES – a agência de previdência social argentina. Não demorou muito para cair nas graças dos Kirchner. Integrante do gabinete da presidente peronista desde 2009, viu sua carreira política deslanchar quando foi designado para dirigir a ANSES.

“Preciso, ao meu lado, de alguém que não tenha medo das corporações e dos preconceitos, porque realmente, o mundo mudou muito e vai continuar mudando”, afirmou Cristina Kirchner sobre o economista, em uma crítica explícita a Cobos, considerado um “traidor” do kirchnerismo, por seu voto negativo, como presidente no Senado, ao aumento dos impostos às exportações agrícolas.

Associado ao liberalismo, Boudou agradou os Kirchner por ter mudado suas ideias políticas.

“Eu o valorizei porque o importante não é ter tido a mesma orientação toda a vida, mas sim saber mudar quando o mundo muda”, disse ainda a presidente.

Mas Boudou não chama a atenção apenas por sua sintonia com a presidente, de quem é um “seguidor fiel”, segundo a imprensa argentina. Antes de ser escolhido para substituir Cobos no segundo mandato de Kirchner, foi promotor de shows de rock. Em 1987, organizou o festival Rock in Bali , que teve quatro edições, atraíndo 15 mil pessoas em cada uma. E, mesmo com suas atividades na Casa Rosada, o vice nunca deixou de lado o mundo da música, já que costumava dividir sua antiga função como ministro da Economia com performances na guitarra com sua banda de rock, “La Mancha de Rolando”, além de realizar turnês pelo país a bordo de sua Harley Davidson.AFP