Cristãos entre leões


Na Nigéria cristãos foram mortos em atentados islâmicos a bomba (Reprodução/The Economist)

O Cristianismo cresce quase tão rápido quando a própria humanidade, mas os seus 2,2 bilhões de seguidores não podem contar com segurança baseada apenas em números. Em parte, porque a localização da maior religião do mundo está começando a se deslocar para regiões mais quentes (em vários sentidos) do mundo. De acordo com um relatório publicado pelo Pew Forum em dezembro, a parte cristã da população da África subsaariana disparou ao longo do último século, de 9% para 63%. Ao mesmo tempo, a proporção de cristãos entre os europeus e entre os povos das Américas caiu, respectivamente, de 95% para 76% e de 96% para 86%.

Mas esse deslocamento, do norte para o dinâmico sul, não é presságio de um futuro fácil. Na Nigéria vários cristãos foram mortos em atentados islâmicos a bomba, com alvo em celebrações de Natal. No Irã e no Paquistão há cristãos no corredor da morte, por “apostasia” – deixar o islamismo – ou blasfêmia. Dezenas de igrejas na Indonésia foram atacadas ou fechadas. Dois terços da população cristã pré-guerra no Iraque fugiu do país. No Egito e na Síria, onde déspotas seculares deram ao cristianismo certa proteção, agitação política e o zelo dos muçulmanos ameaçam antigos grupos cristãos.
Mas nem todos os problemas dos cristãos se devem aos muçulmanos. A religião também enfrenta perseguição nos países oficialmente comunistas, China e Vietnã. Na Índia nacionalistas hindus querem penalizar cristãos que fazem convertidos. Na Terra Santa igrejas locais se encontram em uma encruzilhada entre a invasão israelense em sua propriedade e tentativas de islamitas de monopolizar a vida na Palestina. Seguidores de Jesus podem acabar se tornando uma raridade em sua terra natal.
Felizmente, em comparação tanto com as guerras de religião que acabaram por dividir o cristianismo, e com diversas lutas dentro das religiões modernas, como aquelas entre muçulmanos, pouco sangue tem sido derramado. Mas esse tipo de brutalidade é relevante. Regimes ou sociedades que perseguem cristãos tendem a oprimir outras minorias também. Muçulmanos sunitas, que demonizam os cristãos, odeiam xiitas. E quando se envolve religião, qualquer conflito fica difícil de resolver.
E quanto aos que veem a perseguição de outras religiões como uma parte da sua missão divina? Nenhuma religião é inocente: de Déli a Jerusalém muitos dos que estão trabalhando para instigar o ódio são homens religiosos. Mas existe um problema específico com o islamismo. A lei islâmica (embora não o Alcorão) muitas vezes condena à morte pessoas que abandonaram sua religião.
Há sinais de mudança. A Organização para Cooperação Islâmica, com 57 membros, já atenuou, encorajada pelos norte-americanos, suas propostas para penalizar “blasfêmia” em várias resoluções das Nações Unidas. A Organização também condenou os ataques na Nigéria. Mas muitos outros líderes muçulmanos ainda precisam aceitar que mudar de religião é um direito legal. Nesse ponto, o Ocidente não pode recuar. Caso contrário todos os crentes, cristãos ou não, permanecerão em perigo.

The Economist

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