O homem que previu nosso século

Em 1900, o engenheiro norte-americano John Elfreth Watkins tentou prever como seria o mundo em cem anos. Depois de consultar especialistas de diversas áreas, fez uma série de 29 previsões que, segundo o próprio cientista, pareciam “estranhas, quase impossíveis”. Publicadas no Ladie’s Home Journal naquele mesmo ano, caiu no esquecimento, até ressurgir nestes últimos dias, causando rebuliço nas redes sociais pela exatidão de suas previsões. Afinal, Watkins acertou pelo menos dez dos 29 palpites.
O engenheiro anteviu diversas inovações tecnológicas, como a fotografia colorida, digital e em alta resolução; a expansão e popularização das telecomunicações, com o surgimento dos celulares (“Um marido no meio do Atlântico poderá conversar com sua mulher em Chicago”); ou, ainda, os trens em alta velocidade e os metrôs. Watkins compreendeu que seu século evoluiria para uma época de disseminação das imagens: “As fotografias poderão ser transmitidas de qualquer canto do planeta. Se houver uma batalha na China, as fotos do evento poderão ser publicadas no jornal uma hora mais tarde”. A onipresença da televisão não escapou da bola de cristal do engenheiro: “Poderemos ver todo tipo de coisas e pessoas graças a câmeras conectadas eletricamente a telas do outro lado do circuito. O público norte-americano poderá ver atrás das cortinas dos teatros as cerimônias dos reis da Europa ou o avanço de uma guerra no Oriente”.
Outras previsões certas: os norte-americanos serão mais altos e a existência de tanques de guerra.
Empolgada com a repercussão, a BBC pediu a seus internautas dez previsões para 2112. Entre as escolhas do público, o surgimento da comunicação por telepatia e o controle da meteorologia. Certo é que, com os avanços tecnológicos cada vez mais acelerados, fica muito mais difícil prever a cara do nosso futuro, que pode nos oferecer novidades inimagináveis. Por outro lado, o que surpreende o mundo de hoje não é apenas a precisão de Watkins, mas o seu otimismo, capaz de esperar um mundo melhor. Poderíamos fazer o mesmo?
BBC