Eufemismos que tornam até assassinatos respeitáveis


Eufemismos estão em toda a parte, da diplomacia ao quarto de dormir (Reprodução/Jonny Hannah)

Palavras curtas e fortes podem esclarecer pontos importantes. Mas as pessoas muitas vezes preferem suavizar suas falas com eufemismos: uma combinação de abstração, metáfora, gírias e atenuação que oferece proteção contra o ofensivo, áspero ou repentino. Em 1945, em um dos grandes eufemismos da história, o Imperador Hirohito do Japão informou seus súditos que seu país estava se rendendo incondicionalmente (depois de duas bombas atômicas, a perda de três milhões de vidas e a ameaça iminente de invasão) com as palavras, “A situação de guerra se desenvolveu de forma não necessariamente vantajosa para o Japão.”

Eufemismos estão em toda a parte, da diplomacia (“o ministro está indisposto” significa que ele não vai vir) ao quarto (uma grande horizontale na França é uma cortesã admirável). Mas é possível tentar formular uma taxonomia eufemística. Uma forma de categorizá-los seria pela ética. Em Política e a Língua Inglesa, George Orwell escreveu que a linguagem política capciosa é feita para “fazer com que mentiras soem verdadeiras e o assassinato seja respeitável”. Alguns eufemismos de fato distorcem e enganam; mas alguns são motivados pela gentileza.
Outra maneira de tipificá-los seria por tema. Uma terceira – e uma forma útil para se começar – é por nacionalidade. Um eufemismo é uma forma de mentira, e as mentiras que pessoas em países diferentes contam a si mesmas são reveladoras.
Eufemismos norte-americanos pertencem a uma classe própria, principalmente porque eles parecem envolver palavras que poucos considerariam ofensivas para começar, substituídas por frases inutilmente ambíguas: tecido de banheiro (bathroom tissue) para papel higiênico, aplicativos dentários (dental appliances) para dentaduras, carro de propriedade prévia (previously owned) ao invés de usado, centros de bem-estar (wellness centers) para hospitais, onde se realizam procedimentos (procedures) e não operações.The Economist

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