Polêmica

Facebook: é permitido ensinar a fazer aborto caseiro no perfil?

O aborto é um tema polêmico no mundo todo e muitos países o proíbem parcial ou totalmente. No último fim de semana, o Facebook criou mais uma polêmica sobre o assunto quando suspendeu a página da médica holandesa Rebecca Gomperts por 48 horas. A rede social alegou que ela violou as diretrizes do site ao colocar no lugar da foto do seu perfil, um texto que instruía como realizar um aborto em casa até a nona semana de gestação.
Rebecca é diretora da ONG Women on Waves, que afirma que o método – uso de remédios para artrite vendidos em farmácia, tomados por via oral – é a forma mais segura de interromper uma gravidez em países onde o aborto é ilegal, como o Brasil.
Na última segunda-feira, 2, o Facebook voltou atrás na sua decisão e enviou a Gomperts um pedido de desculpas. “Acredito que [a suspensão] foi por todos os protestos e perguntas de jornalistas”, disse Rebecca em sua página.

Debate

Para a médica, as redes sociais devem assegurar o direito à liberdade de informação. O caso gerou polêmica e discussão na internet. Para os que condenam o aborto (alguns são contra sua realização em qualquer circunstância) a ONG incita mulheres a violar a lei. Para defensores da prática, as mulheres devem ter autonomia para decidir manter ou interromper uma gravidez indesejada (não apenas nos casos de risco de vida para a mãe ou de violência sexual, como a lei brasileira permite).
No Brasil, o aborto clandestino é uma realidade de estatísticas preocupantes. Segundo o Ministério da Saúde, uma em cada sete brasileiras já fez aborto, que em clínicas clandestinas mata uma mulher a cada dois dias. Além de morte materna, as complicações e os procedimentos inacabados são tão frequentes que a curetagem pós-aborto é a cirurgia número um do SUS. A proibição no Brasil não impede que as mulheres interrompam gestações indesejadas, seja com métodos caseiros ou em clínicas bem ou mal equipadas. E quem arca com os custos deste problema de saúde pública é o Estado.

Marie Claire