Um outro Planeta?

FÚRIA MUÇULMANA

Por que eles não vão se acalmar

A fúria muçulmana é uma mistura de ressentimento, ignorância em relação ao ocidente e populismo político (Reprodução/Internet)

Para olhos estrangeiros, a situação é tão bizarra quanto repulsiva. Um único evento, livro, charge, filme ou urso de pelúcia, que não representa nada além de seu autor, o qual pode até nem ser norte-americano,provoca espasmos letais de protestos em massa. O que, para ocidentais preconceituosos, poderia exemplificar melhor o atraso e a degradação muçulmana?

O último furor sangrento foi causado pelo lançamento tardio de um vídeo amador na internet, provavelmente feito por um egípcio cóptico que mora nos EUA, atacando o Profeta Maomé com os insultos de fraude, brutamontes e pervertido. Ainda assim, o filme estivera disponível (com uma extraordinária falta de sucesso) por meses, ainda que só tenha sido dublado em árabe recentemente. Indubitavelmente ofensivo, o filme poderia ser considerado como uma incitação ao ódio religioso ilegal em alguns países, mas não nos EUA. No entanto, o mesmo não é pior do que vários outros disponíveis ao clique de um mouse.

Então por que a ira? Em um ensaio seminal de 1990 chamado “As Raízes da Ira Muçulmana”, Bernard Lewis, anglo-americano que escreve sobre o islã, atribuiu a culpa a uma mentalidade pervertida pela história. Ele mencionou a obrigação da guerra santa, datada do turbulento nascimento da religião e moldada por séculos de reveses como a retirada da Europa, o imperialismo ocidental e até o desafio à autoridade masculina islâmica por crianças rebeldes e mulheres emancipadas. O resultado é um complexo de inferioridade, em que a humilhação foi agravada pela ignorância ocidental.

Há também uma explicação menos apocalíptica. O ressentimento dos muçulmanos em relação a ataques a sua religião é prontamente atiçado por relatos de profanação do Corão ou por livros, filmes e fotos que incluem uma representação blasfema (isto é, qualquer uma) do Profeta Maomé ou de Deus. No entanto, erupções de raiva podem também ser provocadas por populismo político e pela ação de políticos que apelam a uma população ofendida e mal informada.

É certamente estranho, por exemplo, que o filme mais recente tenha subitamente começado a atrair atenção às vésperas do 11 de setembro, uma efeméride quase tão politicamente carregada no mundo muçulmano quanto no Ocidente. O vídeo foi agressivamente divulgado (em termos ácidos) por dois canais de televisão salafistas (muçulmanos linha dura)

A maior parte das explosões de raiva muçulmana rende dividendos políticos a alguém. O aiatolá Khomeini, por exemplo, colheu os benefícios da declaração da fatwa que requeria a imposição da pena de morte sobre Salman Rushdie, devido à publicação do livro “Os Versos Satânicos” em 1998. Os políticos paquistaneses se beneficiam em promover os sentimentos contra os cristãos e também contra os políticos que são tidos como tolerantes em relação aos cristãos.

A ignorância a respeito de como o ocidente funciona em muitos países muçulmanos facilita a retórica incendiária. Manifestantes na embaixada americana no Cairo em 11 de setembro equivocadamente acreditavam que o filme havia sido exibido em uma “televisão estatal americana”: em um país com parca tradição de emissoras de televisão independentes, a afirmação não é tão absurda quanto poderia ser caso se referisse a outros lugares.

Os prejuízos de tais erupções não são apenas a perda de vidas inocentes e de meios de sustento. A verdade também é prejudicada. Uma relutância de muitos muçulmanos em aceitar que os EUA poderiam ser uma vítima despreparada de atrocidades em vez de uma executora deliberada fez com que os ataques terroristas de 11 de setembro contra as torres gêmeas fossem amplamente divulgados, desde o início, como uma armação americana, com o auxílio do serviço secreto de Israel, para estimular o ódio do ocidente contra o islã.Hoje em dia, três quartos dos egípcios acreditam nesta teoria da conspiração.The Economist

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