EUA ECONOMIA

O futuro do Fed

A recondução de Yellen a um segundo mandato ganha mais força em comparação com os candidatos republicanos ao cargo (Foto: Wikimedia)

Entre os muitos questionamentos em relação à conduta do presidente Donald Trump, havia o receio que ele nomeasse pessoas que lhe são leais para ocupar cargos importantes no Federal Reserve (Fed). Essa preocupação foi substituída por outra, quando em 6 de setembro, Stanley Fischer, um economista experiente, anunciou sua aposentadoria em outubro, nove meses antes do fim de seu mandato como vice-presidente do Fed, alegando razões pessoais. Isso significa que é preciso preencher quatro cargos no conselho de 12 membros do banco central americano. Esse número pode subir para cinco em fevereiro, com o fim do mandato de Janet Yellen como presidente do Federal Reserve.

Trump não tem se precipitado em indicar pessoas para ocupar postos de alto escalão. Mas ter líderes com credibilidade no banco central é fundamental para a estabilidade do mercado financeiro. A política monetária do Fed determina desde o equilíbrio da economia americana às operações de crédito em países emergentes. A recondução de Janet Yellen a mais um mandato de quatro anos como presidente do Fed daria não só clareza sobre a direção futura e a independência do Fed, como também facilitaria o preenchimento dos outros cargos.

Mas Trump valoriza mais a lealdade do que a competência. Yellen é uma democrata nomeada por Barack Obama, que recusou as propostas da adoção de medidas menos rígidas de regulamentação do setor financeiro do Departamento do Tesouro.

No momento, o Fed precisa de uma liderança competente para resolver problemas complexos como a reversão da política de flexibilização quantitativa e de explicar por que as baixas taxas de desemprego não aumentaram a inflação. A economia americana se recuperou após a crise financeira mundial de 2008. Apenas duas vezes em sua história o PIB cresceu por mais de alguns trimestres consecutivos. Os erros na política monetária em geral são cometidos quando o ciclo econômico está em expansão e é mais difícil definir a taxa de juros correta. Em um período de recessão, a taxa de juros provavelmente não será muito superior a 2%, o que deixa pouca margem para cortes. Nesse momento, um profissional experiente, como Yellen, é de vital importância.

A recondução de Yellen a um segundo mandato ganha mais força em comparação com os candidatos republicanos ao cargo. Gary Cohn, diretor do Conselho Econômico Nacional da Casa Branca, não tem experiência em bancos centrais. Além disso, é possível que tenha eliminado suas chances ao criticar a reação de Trump à recente violência racial em Charlottesville. O outro candidato, Kevin Warsh, trabalhou no Open Market Committee do Fed de 2006 a 2011 e tem usado seus contatos e influência para obter o cargo. Porém, é coautor de um artigo em que elogia a proposta econômica do presidente Trump, o que pode lhe abrir as portas da Casa Branca, mas põe em dúvida sua independência no comando do Federal Reserve.

O terceiro argumento a seu favor é o precedente. Desde o final da década de 1970, os presidentes do Fed têm sido reconduzidos ao cargo por um presidente de um partido diferente. Paul Volcker, um democrata, foi renomeado por Ronald Reagan. Bill Clinton reconduziu Alan Greenspan, um republicano, a um segundo mandato. E Ben Bernanke foi renomeado por Barack Obama.

Nenhum desses argumentos seria convincente se Yellen não tivesse feito um bom trabalho nos quatro anos em que presidiu o Fed. Ela foi criticada por ter aumentado a taxa de juros cedo demais e por ser muito cautelosa sobre o ritmo dos aumentos. Mas a inflação ainda é baixa dentro da meta da taxa de juros a 2%. E a oferta de vagas de emprego tem crescido em uma média mensal de 185 mil desde que o Fed começou a aumentar a taxa de juros em dezembro de 2015. Não resta dúvida que sua substituição é uma escolha difícil para o governo de Donald Trump.The Economist

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