O fim do anonimato


O reconhecimento de face é um velho truque da polícia


Se seu rosto e nome estão em algum lugar na rede, você pode ser reconhecido ao andar pelas ruas – não somente pela polícia, mas também por qualquer nerd com um computador. Esta parece ser a conclusão de algumas novas pesquisas sobre os limites da privacidade.

Tanto para suspeitos como para aqueles que os perseguem, o reconhecimento de face é um truque velho. O Brasil, preparando-se para o Copa do Mundo de 2014, já esta experimentando óculos com minicâmeras acopladas; os policiais que as portam podem fotografar rostos, fáceis de serem comparados na base de dados. Estados mais autoritários adoram esses métodos: fotos são tiradas em pontos de inspeção, e as imagens cotejadas com aquelas dos participantes de protestos recentes.

É possível que essa tecnologia seja em breve utilizada por qualquer um para identificar transeuntes e desencavar detalhes pessoais de suas vidas? Um estudo que será revelado em 4 de agosto na Black Hat, uma conferência de segurança em Las Vegas, sugere que aproxima-se este destino. Seus autores fizeram vários experimentos para mostrar como três tecnologias convergentes estão erodindo a privacidade. Uma é o software de reconhecimento de rosto em si, que melhorou muito. Os pesquisadores também usam serviços de “computação em nuvem” , que fornecem capacidade de processamento barata. Ademais eles usaram redes sociais como Facebook e LinkedIn, nas quais a maioria dos usuários usa fotos e nomes reais.

No primeiro experimento, os pesquisadores coletaram imagens de 5 mil perfis de um popular site de encontros norte-americano numa cidade em particular – a maioria dos quais usava um pseudônimo. Eles carregaram as fotos num programa de identificação de rostos disponível no mercado, que as comparou com 280 mil imagens encontradas por um mecanismo de busca que identificava usuários de Facebook de uma mesma cidade. Eles descobriram a identidade de pouco mais de 10% das pessoas do site de encontros. Este pode não parecer um resultado muito alto, mas a taxa de sucesso aumentará à medida que os programas de reconhecimento de rostos se tornem melhores e mais fotos sejam incorporadas à base.

Mas o resultado mais surpreendente veio de um experimento diferente. Acessando recursos públicos, incluindo perfis de Facebook e bases de dados governamentais, pesquisadores conseguiram identificar pelo menos um interesse pessoal de cada estudante e, em alguns casos, os cinco primeiros dígitos de seu número de identidade. Tudo isso ajuda a explicar as preocupações sobre o uso de softwares de reconhecimento de rosto por empresas como o Google e o Facebook. O compartilhamento de fotos na rede abriu as portas para um mundo novo de reduzida privacidade. Voltar atrás agora será difícil.

*Texto adaptado por Eduardo Sá

Fonte: Economist

Comentários

  1. Excelente texto. Parabéns por essa nova fase do Blog, mais pedagógica e atrativa.

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