A coisa tá Russa !

Para onde caminha a Rússia?


Modernização anunciada por Putin não aconteceu (Reprodução/AFP)

Três livros bastantes diferentes ilustram quão equivocada se revelou a esperança depositada sobre a modernização da Rússia realizada por Vladimir Putin. Os autores Fiona Hill e Clifford Gaddy tiveram encontros e conversaram com Putin e o respeitam até certo ponto. De acordo com o seu intrigante livro, o sucesso de Putin pode ser atribuído a uma série de transformações para as quais ele posou, primeiro como he-man, e em seguida como esportista ou militar, com o figurino apropriado pra cada personagem.

A principal ambição de Putin, afirmam os autores, era impor ordem e autoridade à Rússia após os caóticos anos Yeltsin. Hill e Gaddy citam um manifesto que Putin escreveu e publicou em dezembro de 1999, logo antes de se tornar presidente. Neste ele afirmava que “para os russos um estado forte não é uma anomalia nem algo que deva ser combatido. Muito pelo contrário, este é fonte e garantia de ordem”.

Alena Ledeneva, uma socióloga nascida na Rússia do University College de Londres, tem uma visão mais ampla a respeito da relação entre liderados e líderes. Em seu livro, “Can Russia Modernize”, ela explica a diferença entre a blat, a corrupção de baixo escalão que faz com a economia funcione com base em trocas de favores, e o sistema de corrupção sistemática desenvolvido no Kremlin moderno.

Nos anos 90, os biznes, representados pelos oligarcas, capturou o estado e ditou políticas para Yeltsin. Por outro lado, a primeira década deste século foi palco da volta de um modelo de governo mais histórico em que “o estado capturou o setor empresarial”. Putin, afirma Ledeneva, encara aqueles que assumiram o controle dos setores dominantes da economia russa – principalmente os setores de petróleo e gás – como escroques que tiraram a sorte grande na década de 90. Agora eles são apenas gerentes adestrados.

Ben Judah, um jovem escritor, compôs um quadro mais jornalístico – e mais inflamado – em “Fragile Empire”. Judah acredita que a corrupção se tornou endêmica a ponto de ter se tornado uma técnica de conquista de poder. “A economia russa é tão distorcida em favor do grupo [de Putin] que eles não podem ser acusados de corrupção, mas sim de cooptação do estado”. Judah não tem dúvidas de que Putin é um projeto de ditador. A resposta à velha pergunta Kud a idyot Rossiia (“para onde caminha a Rússia?”) é: para o fundo, cada vez mais.The Economist

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