GUERRILHEIRAS DE TOPLESS : Elas estão espalhadas pelo Mundo todo

Femen e a nudez como arma política


Ativistas do Femen em mais uma ação contra a sociedade patriarcal (Reprodução/AFP)

As ativistas do Femen, famosas por fazer topless em defesa de causas feministas, protagonizaram cerca de cem manifestações desde que o grupo foi fundado na Ucrânia, em 2008, para combater o turismo sexual. Para aumentar o impacto de suas ações, elas se vestem como virgens ou freiras, e às vezes usam barbas ou bigodes falsos. Outros adereços incluem carne crua e extintores de incêndio. Em 22 de maio uma manifestante encenou um suicídio simulado na catedral de Notre Dame, em Paris, um dia depois de um historiador da extrema-direita ter se matado lá. Seu torso nu exibia a mensagem: “Que o fascismo descanse no inferno.”

No ano passado as “sextremistas” invadiram a semana de moda de Milão em protesto contra modelos esqueléticas que, segundo o grupo, tacitamente promovem a anorexia. Este mês, uma ativista baseada em Berlim ateou fogo a uma Barbie crucificada em frente a uma réplica em tamanho real da casa da boneca.

O novo campo de batalha

Tais manobras representam um distanciamento das causas feministas tradicionais de emancipação social e econômica: ainda longe da plena igualdade, mas com um histórico de muito progresso nos últimos 40 anos. Agora o campo de batalha é o corpo. Alice Schwarzer, editora da revista feminista alemã EMMA está “emocionada” com as ações do Femen. Elas estão lutando contra os mesmos males que as feministas tradicionais, ela diz: pornografia e prostituição. A nudez feminina é usada para vender “tudo, desde hambúrgueres a sites de apostas”, completa Laura Bates, do Everyday Sexism Project, um fórum feminista online.

O objetivo, então, é mostrar que a nudez de uma mulher não é uma mercadoria para o consumo masculino, mas uma ferramenta política em potencial. “A maioria dos recursos legais já foram esgotados”, diz Geneviève Fraisse, uma historiadora francesa especializada no feminismo. “Por isso, as ativistas estão usando o espaço público em seu lugar”. Joan Smith, uma feminista britânica e autora do novo livro, “A Mulher Pública”, diz que a igualdade formal não fez as mulheres se sentirem totalmente seguras ou livres: “Há uma sensação de que ainda estamos sendo injustiçadas”, diz.

O topless é a mensagem

Muitos aplaudem a ousadia do Femen. Mas outros enxergam um paradoxo desconfortável. Seus protestos, uma paródia do voyeurismo masculino, podem ser contraprodutivos, diz Schwarzer: E também podem ser consumidos pelo universo masculino. Apesar das provocações, insultos e ameaças, as integrantes do Femen dizem que cada insulto ajuda a expor uma sociedade patriarcal que nega às mulheres o controle sobre seus próprios corpos. E até os “tarados” não conseguem escapar sem ver a mensagem pintada nos seios das mulheres.

Um perigo maior pode ser a crescente falta de interesse nos protestos do Femen. Os meios de comunicação já estão inundados pela nudez feminina. Um recente protesto contra Vladimir Putin, presidente da Rússia, em uma feira em Hanover, na Alemanha no mês passado, causou um certo constrangimento, mas a maioria das pessoas “simplesmente deram de ombros”, disse Dieter Rucht, um sociólogo alemão.

Hind Makki, uma blogueira feminista muçulmana, condena o exibicionismo do grupo. ”É regressivo tornar-se um brinquedo sexual”, diz ela.

As críticas não preocupam Inna Shevchenko, de 22 anos, líder da filial de Paris do Femen. Ela saúda as feministas do mundo acadêmico e as chama de “generais”, mas diz que são os soldados do Femen que “vão às ruas e lutam.” O grupo não pretende suavizar a sua mensagem, nem parar de fazer topless, diz ela: “Temos um inimigo em comum com todas as mulheres do mundo: o patriarcado”.

Essa retórica pode ser radical demais para a maioria das feministas mais pragmáticas. Mas o espírito do Femen, sem dúvida, é contagiante. The Economist

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