BRASIL GREVE

Movimento dos caminhoneiros chega ao sexto dia

Governo segue trabalhando para dar fim a paralisação (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)

Um dia depois do presidente Michel Temer autorizar o uso de forças federais para desobstruir as estradas, os caminhoneiros continuam a sua paralisação. Na manhã deste sábado, 26, apenas cerca de 130 pontos de manifestação foram liberados. Ao todo, existiam mais de 500 locais de protesto.

Após o anúncio de Michel Temer, feito ao vivo para todo o Brasil, a Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam) divulgou uma nota pensando na segurança dos caminhoneiros. De acordo com o comunicado, a “Abcam, preocupada com a segurança dos caminhoneiros envolvidos, vem publicamente pedir que retirem as interdições nas rodovias, mas, mantendo as manifestações de forma pacífica, sem obstrução das vias”.

Ainda segundo a nota, os caminhoneiros estão, desde outubro do ano passado, fazendo reivindicações ao governo federal, mas em nenhum momento foram atendidos. Ademais, de acordo com a Abcam, foi emitido um novo alerta dia 14 de maio, exatamente uma semana antes de se iniciarem as manifestações, que chegaram ao sexto dia neste sábado.

Já a Confederação Nacional dos Transportes Autônomos (CNTA), através de um vídeo gravado pelo presidente do órgão, Diumar Bueno, desmentiu uma informação passada por Michel Temer no pronunciamento da última sexta-feira, 25.

De acordo com Diumar Bueno, em nenhum momento foi acordado que as associações e confederações que assinaram o acordo iriam trabalhar para desmobilizar o movimento dos caminhoneiros. “Então, nós não concordamos com o que o senhor [Michel Temer] falou e lamentamos essa condução que está sendo feita pelo governo, tentando dividir a categoria. Caminhoneiros, não vamos permitir que isso aconteça conosco. Nós vamos continuar a luta unidos e conquistar os nossos direitos”.

A Anistia Internacional, uma das principais Organizações Não Governamentais de direitos humanos do mundo, divulgou um comunicado condenando o uso das forças armadas para desmobilizar os protestos. De acordo com Jurema Werneck, diretora da Anistia Internacional no Brasil, a autorização das forças de segurança é “mais um passo inadmissível no caminho da militarização da gestão das políticas públicas”.

“O papel das Forças Armadas não é atuar em protestos, manifestações e greves. A liberdade de expressão e manifestação são um direito humano. As partes envolvidas em uma manifestação e as autoridades relevantes devem encontrar um caminho de negociação e uma saída pacífica para os eventuais impasses encontrados. Enviar as Forças Armadas é grave erro e pode levar a uma escalada da violência”.

Na manhã deste sábado, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) determinou a saída de caminhoneiros do acostamento em frente a Refinaria Duque de Caxias (Reduc), uma das principais refinarias do Brasil, que fica no Rio de Janeiro. Segundo a PRF, os motoristas podem ser multados com infração média.

Desabastecimento nacional

Devido a paralisação nacional dos caminhoneiros, diferentes setores estão sendo afetados desde o meio da última semana. Inúmeros postos de combustível por todo o Brasil já relataram que estão sem combustíveis.

Alguns aeroportos estão sendo obrigados a cancelar voos e a Infraero indica que os consumidores devem entrar em contato com as companhias aéreas para saber se o avião fará o serviço. No Rio de Janeiro, apenas 23% das frotas de ônibus estão em funcionamento, enquanto o BRT, um serviço expresso de ônibus, não está em atividade desde a madrugada deste sábado.

Pequenos mercados e Ceasas já relataram falta de alimentos, principalmente de verduras, legumes e frutas. Diferentes feirantes não estão trabalhando por falta de produtos. Escolas e universidades por todo o Brasil já anunciaram a suspensão das aulas e debates da próxima segunda-feira, 28, devido à crise dos combustíveis.

Apesar de todos os problemas relatados e críticas aos caminhoneiros estarem surgindo, grande parte da população continua mostrando seu apoio ao movimento dos caminhoneiros. Pelas redes sociais, os internautas admitem as dificuldades, mas reforçam o apoio a paralisação. Em diferentes pontos pelo país, cidadãos doam comida e água para os manifestantes continuarem sua greve.Agência Brasil

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