DIA MUNDIAL CONTRA O TRÁFICO HUMANO

Quase um terço das vítimas de tráfico humano são crianças

Em regiões como África Subsaariana e a América Central, o percentual chega até 64% (Foto: Amanda Nero/IOM)

Quase um terço das vítimas de tráfico humano são crianças. É o que alerta o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) em virtude do Dia Mundial contra o Tráfico Humano, celebrado nesta segunda-feira, 30.

O Unicef lembra que as crianças representam quase um terço (28%) do tráfico internacional de pessoas. Em regiões como a África Subsaariana e a América Central e Caribe, este percentual é ainda maior, representando 64% e 62%, respectivamente. No entanto, segundo o Grupo de Coordenação Inter-Agências contra o Tráfico (ICAT) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), o número pode ser ainda maior.

Isso porque é difícil identificar crianças vítimas de tráfico humano. Muitas não denunciam o crime por medo, falta de informações, desconfiança nas autoridades e receio do estigma ou de serem devolvidas, sem apoio, aos países de origem. As vítimas são alvo de trabalho forçado, servidão, exploração sexual ou obrigadas a pedir dinheiro ou roubar. Outras têm os órgãos retirados.

“O tráfico é uma ameaça muito real para milhões de crianças em todo o mundo, especialmente para aquelas que foram expulsas de suas casas e comunidades sem proteção adequada. […] Essas crianças precisam urgentemente que os governos aumentem e implementem medidas para mantê-las seguras”, explicou a diretora executiva do Unicef, Henrietta Fore.

Entre as políticas governamentais propostas pelo Unicef para lidar com o crime está a expansão de caminhos seguros e legais para as crianças conviverem com suas famílias; o fortalecimento do sistema de proteção infantil; avaliações individuais para orientação para garantir os melhores interesses de cada criança; e a melhor colaboração internacional para troca de conhecimentos e auxílio nos trabalhos transfronteiriços.

Para ilustrar a campanha deste ano, o Unicef divulgou em seu site oficial um vídeo onde uma adolescente nigeriana, vítima de tráfico humano, narra sua história. Apresentada como “Joy”, a menina foi enganada por uma falsa promessa de emprego e traficada para a Itália, onde foi forçada a se prostituir para pagar uma dívida de 20 mil euros cobrada pelo autor do crime.

“Ela me disse que a minha vida seria melhor se eu viesse. […] Quando eu cheguei, ela me disse que eu estava aqui para ser uma prostituta para poder pagar o dinheiro que ela usou para me trazer para a Itália”, conta a jovem, que atravessou o oceano em um pequeno barco na esperança de fugir da pobreza. A adolescente, de 17 anos, foi resgatada por uma organização que ajuda vítimas de tráfico humano.

O fato de ter sido resgatada não dissipou o temor da jovem. Ela conta que, se voltar para a Nigéria, as pessoas que atuam sob a ordem da traficante estarão lá. “Como eu pagarei o dinheiro dela?”, questiona.

Além do Unicef, outro braço da ONU, o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (Undoc), também engrossou a campanha contra a prática, através do relatório “Respondendo ao tráfico de crianças e jovens”, divulgado nesta terça-feira. O documento aponta que o tráfico humano movimenta bilhões de dólares por ano. Muitas vezes, as vítimas são atraídas por falsas promessas de emprego.Undoc/ICAT/Unicef

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