INTERNACIONAL CHINA

Desaparecimentos expõem censura a críticas na China

A Constituição chinesa concede aos cidadãos o direito de criticar o governo (Foto: Public Domain Pictures)

Dong Yaoqiong, uma mulher de 29 anos, foi vista pela última vez em um vídeo postado nas redes sociais em que apareceu em frente a um retrato do presidente Xi Jinping.

No vídeo de dois minutos, que tem sido compartilhado nas redes sociais desde o seu desaparecimento, Dong disse à câmera: “Eu me oponho ao regime ditatorial de Xi Jinping e à opressão imposta pelo Partido Comunista Chinês”. Em seguida, Dong jogou tinta preta no rosto de Xi e disse em tom de desafio: “Xi Jinping, estou à espera que me prendam”.

Segundo a agência de notícias France-Presse, o vídeo foi feito em Xangai em 4 de julho. Mais tarde, um post na conta do Twitter de Dong mostrou dois policiais uniformizados e um à paisana em frente a uma casa.

Ninguém teve mais contato com Dong depois que apagaram sua conta no Twitter. Agora, ativistas de direitos humanos denunciaram o desaparecimento de seu pai e de um proeminente ativista e artista chinês, que pediam sua liberdade.

O artista Hua Yong havia dito ao SBS News que depois de assistir ao vídeo de Dong não teve dúvida que iriam prendê-la. Após essa entrevista, Hua postou o último vídeo em 13 de julho, no qual ele e o pai de Dong, Dong Jianbiao, são interrompidos por homens batendo à porta.

O vídeo mostrou os homens entrando à força na casa de Hua, na província de Yunnan, e ouviu-se a voz de Hua: “Vocês têm mandado de busca?”.

Dong Jianbiao, um operário de minas de carvão em Zhuzhou, na província de Hunan, disse em um vídeo anterior que desconhecia o que havia acontecido com a filha até que a polícia o procurou em 9 de julho, com perguntas sobre os antecedentes dela e sua formação acadêmica.

Em entrevista ao Hong Kong Free Press, Dong disse que perguntara aos policiais se havia acontecido algo com a filha e que eles tinham respondido que a filha desrespeitara a lei ao atacar a imagem de um líder do país.

De acordo com Patrick Poon, pesquisador da Anistia Internacional, a crítica aos líderes do país não constitui crime passível de punição, porque a Constituição chinesa concede aos cidadãos o direito de criticar o governo.

Ao ser entrevistado pelo jornal Independent, Poon disse que mais uma vez o governo demonstrara uma atitude arbitrária ao reprimir a liberdade de expressão dos cidadãos chineses.

Sophie Richardson, da organização Human Rights Watch, com sede em Nova York, afirmou que não há uma base legal que justifique a prisão de Dong, de seu pai e de Hua em local desconhecido. “As autoridades precisam libertá-los imediatamente”, acrescentou.Independent

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