SAÚDE ALZHEIMER

Por que o Alzheimer é mais comum em mulheres?

Das 50 milhões de pessoas que sofrem de demência ou Alzheimer, a maioria são mulheres (Foto: Pixabay)

Na Alzheimer’s Association International Conference realizada em Chicago na última semana de julho, médicos e pesquisadores apresentaram trabalhos acadêmicos sobre as diferenças biológicas e sociais que explicam por que há uma incidência maior do Mal de Alzheimer e de casos de demência em mulheres do que em homens.

Um estudo apresentado na conferência mostrou uma relação entre a capacidade de reprodução feminina e o risco de demência. Segundo a pesquisa realizada com 15 mil mulheres, as que tiveram três ou mais filhos tinham um risco 12% menor de desenvolver problemas cognitivos do que uma mulher com apenas um filho. Outro estudo realizado pela Kaiser Permanente mostrou que mulheres com um histórico de três ou mais abortos corriam um risco 47% maior de ter algum tipo de demência.

O Mal de Alzheimer é uma doença neurodegenerativa que causa a perda das funções cognitivas como memória, orientação, atenção e linguagem. A doença está relacionada ao acúmulo no cérebro de placas formadas pela proteína beta-amiloide e emaranhados neurofibrilares.

Das 50 milhões de pessoas que sofrem de demência ou Alzheimer no mundo, a maioria é composta de mulheres. Nos EUA, dois terços dos 5,7 milhões de americanos que sofrem de Alzheimer são do sexo feminino. Mulheres a partir dos 60 anos têm duas vezes mais probabilidade de desenvolver algum tipo de demência do que câncer de mama.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a demência é uma das dez principais causas da morte de mulheres. Nos EUA, o Alzheimer é a sexta causa de morte, com uma incidência maior do que câncer de mama e de próstata. Os dados estatísticos coletados em 2016 na Inglaterra, País de Gales e Austrália indicaram que a demência e o Mal de Alzheimer foram responsáveis pela morte de um número maior de mulheres do que doenças cardiovasculares.

“Durante muitos anos os médicos e pesquisadores associaram a propensão das mulheres ao Mal de Alzheimer à longevidade delas em comparação com os homens”, disse Pauline Maki, professora de psicologia e psiquiatria da Universidade de Illinois e uma das palestrantes da conferência.

“Mas agora atingimos uma etapa muito instigante na pesquisa sobre Alzheimer e outros tipos de demência, com informações complexas em relação às possíveis causas nas quais a longevidade é um dos muitos elementos”, observou Rachel Whitmer, professora de saúde pública na UC Davis School of Medicine.

O estudo da Kaiser Permanente referente à associação entre o número de abortos e o risco de demência, acompanhou o histórico de mulheres que usaram os serviços de saúde da empresa em grande parte de suas vidas. Isso permitiu que os pesquisadores tivessem acesso aos registros médicos nos períodos de 1964 a 1973 e de 1996 a 2017.

Quando o estudo começou em 1964, as mulheres tinham de 40 a 55 anos. Os registros médicos continham dados sobre gestações, educação, raça, saúde, data da primeira menstruação e do início da menopausa. Os dados sobre demência e doenças crônicas em uma idade mais avançada como problemas cardiovasculares e diabetes, foram obtidos no período de 2016 a 2017.

O estudo revelou que mulheres férteis por um espaço de tempo de 21 a 30 anos tinham um risco 33% maior de desenvolver algum tipo de demência do que mulheres férteis por um período mais longo. Além disso, o estudo sugeriu que mulheres que tiveram o primeiro ciclo menstrual aos 16 anos ou mais tinham um risco de 31% de perda de funções cognitivas do que as que ficaram menstruadas aos 13 anos.

Mas uma pesquisa recém-publicada sobre mulheres sul-coreanas e gregas que tiveram vários filhos e, no entanto, ao serem submetidas a testes mostraram um risco de 70% de terem uma doença neurodegenerativa como Alzheimer, contradisse as conclusões dos pesquisadores da Kaiser Permanente.

“As mulheres coreanas, gregas e americanas são bem diferentes do ponto de vista genético e, portanto, é preciso ter cuidado ao fazer generalizações”, disse Richard Isaacson fundador do Alzheimer’s Prevention Clinica at New York-Presbiterian/Weill Cornell Medical Center. “Alzheimer é uma doença que começa no útero e se desenvolve sob influência da genética, educação, hábitos alimentares e exercícios físicos, entre outros fatores”.

Um trabalho apresentado na conferência por Gleason do Wisconsin Alzheimer’s Disease Research Center analisou estudos mais recentes sobre os efeitos da terapia de reposição hormonal na perda de funções cognitivas.

Durante anos, os médicos acreditaram que a terapia de reposição hormonal não só aliviava os sintomas da menopausa, como também ajudava a prevenir doenças cardiovasculares.

Porém, estudos realizados pela Women’s Health Initiative em 2002 e 2004 mostraram que os hormônios usados para repor os níveis de estrogênio e progesterona no organismo aumentavam o risco de doenças cardíacas, acidentes cardiovasculares, trombose e câncer de mama. A terapia de reposição hormonal também não evitou os casos de demência em mulheres mais idosas.

“A pesquisa sobre o Mal de Alzheimer é muito complexa. Não existe um modelo aplicável a todos os casos”, observou Isaacson. “Ela exige o uso de exames de ressonância magnética, de biomarcadores, de uma análise do histórico clínico e da influência da genética para que cada caso seja analisado em sua especificidade”.CNN

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