A genética da felicidade


Muitos fatores determinam se as pessoas são felizes ou infelizes (Fonte: Reprodução/Getty)

Como nascer sorrindo:

A ideia de que a personalidade humana é uma tabula rasa sobre a qual apenas a experiência é capaz de escrever prevaleceu pela maior parte do segunda metade do século XX. Nas últimas duas décadas, no entanto, tal noção tem perdido força. Estudos comparando gêmeos univitelinos com gêmeos não univitelinos ajudaram a estabelecer a hereditariedade de muitos aspectos de comportamento, e análises de DNA revelaram alguns dos genes responsáveis. Trabalhos recentes em ambos esses frontes sugerem que a felicidade é altamente hereditária.

Como todo ser humano sabe, muitos fatores determinam se as pessoas são felizes ou infelizes. Circunstâncias externas são importantes: pessoas empregadas são mais felizes que as desempregadas, e os ricos mais felizes que os pobres. A idade exerce um papel também; os jovens e os velhos são mais felizes que os de meia-idade. Mas a personalidade é o maior determinante: extrovertidos são mais felizes que introvertidos, e pessoas confiantes são mais felizes que os mais ansiosos.

Que a personalidade, junto com a inteligência, é ao menos parcialmente hereditária está se tornando cada vez mais claro; então, presumidamente, a tendência a ser feliz ou triste é, para alguns especialistas, passada adiante no DNA. Para tentar estabelecer a extensão da hereditariedade, um grupo de cientistas de diversas universidades, entre elas a College London, a escola de medicina de Harvard; a universidade da Califórnia, San Diego, e a Universidade de Zurique examinaram mais de mil pares de gêmeos de um grande estudo sobre a saúde dos adolescentes norte-americanos. Em “Genes, economia e felicidade”, um estudo do Instituto para Pesquisas Empíricas em Economia da Universidade de Zurique, conclui-se que quase um terço das variações de felicidades nas pessoas são hereditárias. Isso está alinhado, apesar de um pouco abaixo, do que fora previamente estimado.

Embora os estudos com gêmeos sejam úteis para estabelecer a extensão do componente hereditário de certa característica, eles não apontam qual gene está em atividade em cada caso. Um dos pesquisadores, Jan-Emmanuel De Neve, da University College London tem tentado fazer apenas isso, escolhendo um suspeito popular, – o gene que codifica o transportador da proteína serotonina, uma molécula que embaralha a serotonina dentro das membranas celulares – e examinando como as variantes desse gene afetam os níveis de felicidade.

A serotonina é envolvida na regulação do humor. Transportadores de serotonina são cruciais nesse trabalho. O gene transportador da serotonina vem em duas variantes de funcionamento – longa e curta. As longas produzem mais moléculas que transportam proteínas que as curtas. As pessoas têm duas versões (conhecidas como alelos) de cada gene, um de cada pai. Então alguns tem alelos de dois tipos, alguns tem dois longos e o resto um de cada.

Aos adolescentes nos estudos do Dr. De Neve foi pedido que se classificassem entre “muito satisfeitos” e “muito insatisfeitos”. De Neve descobriu que aqueles com alelos longos são 8% mais propensos do que aqueles com nenhum a se descreverem como “muito satisfeitos”; aqueles com dois alelos longos são 17% mais propensos.

O que é muito interessante. Aonde a história poderia se tornar controversa é quando as origens étnicas dos voluntários são levadas em conta. No estudo recente, todos eram norte-americanos, mas a eles foi pedido que se classificassem por raça também. Em média, os americanos-asiáticos nas amostras tiveram 0,69 genes longos, os afro-americanos tiveram 1,47 e os americanos brancos tiveram 1,12.

Fonte: Economist

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