Bela Zona


A Itália e a zona do euro

Embora tenha se seguido a escândalos, intrigas e um histórico verdadeiramente deprimente como primeiro ministro, a renúncia de Silvio Berlusconi não foi mais catártica do que nenhum dos outros recursos até agora planeados pela zona do euro. O gesto não foi o suficiente porque Berlusconi conta com tão pouca confiança, depois de um total de desastrosos oito anos e meio no poder, que até agora existe medo de que ele vai encontrar outra forma de se manter no governo ou retornar à posição. Foi tarde demais porque, quando ele finalmente prometeu renunciar, os aliados da Itália foram tomados pelo pânico. Em determinado ponto os rendimentos quase chegaram a 7,5% – um nível que eventualmente levaria a Itália à insolvência e bem antes disso desencadearia uma corrida aos seus bancos.

Quando o mercado da terceira maior economia do euro começa a vacilar, isso significa que catástrofes se aproximam. O que está em jogo não é só a economia italiana, mas também a da Espanha, Portugal, Irlanda, o euro, o mercado único da União Europeia, o sistema bancário global, a economia mundial, e basicamente tudo o mais em que você conseguir pensar. A Grécia é importante porque estabelece precedentes para o euro – com coisas como abatimentos de dívidas e resgates. A Itália importa muito mais porque é tão vasta.

Está claro agora que a Itália vai ser o país que vai testar o euro até sua destruição – ou sobrevivência. Há apenas algumas semanas, esse teste ainda parecia poder ser evitado. Agora estamos de frente para ele. Se a zona do euro quiser manter sua moeda para sobreviver, ela deve conter o pânico e tornar as políticas vaudeville da Itália dignas de confiança. Essas duas ações ainda estão dentro das possibilidades da Europa. Mas com cada solavanco da zona do euro na direção do contágio, com cada troca de governo mal feita, e com cada intervenção relutante no mercado financeiro, essa tarefa se torna mais difícil e mais cara. E à medida que esse cenário lúgubre se desdobra, pode-se quase sentir se esvaindo as chances que o euro ainda tem.

Presto panico

Agora nada pode ser feito para prevenir uma crise da dívida na Itália. Os custos dos empréstimos devem permanecer bem acima de seus níveis de antes da crise. A indústria financeira não vai conseguir reverter tão cedo seus valores de cobertura adicionais, e mesmo que conseguisse, os investidores não estão dispostos a tratar a dívida italiana como “livre de riscos”. Agências de notação com certeza vão rebaixar o país. Se sua dívida está condenada a só piorar, a Itália vai ser excluída dos mercados de títulos. Seus bancos vão se tornar vulneráveis, à medida que seus depositantes e credores chegam à conclusão de que eles e o Estado italiano vão provavelmente se tornar insolventes. O contágio vai se espalhar pela zona do euro. O final está se aproximando.

Fonte: The Economist

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