Suposta escrava sexual de Kadafi conta sua história ao "Le Monde"



Paris, 15 nov (EFE).- Uma jovem de 22 anos que se diz escrava sexual do ex-ditador Muammar Kadafi, morto em outubro pelos revolucionários líbios, conta ao jornal francês "Le Monde" que foi estuprada, ferida e maltratada durante cinco anos servindo ao ex-líder.
Kadafi sequestrou-a quando ela tinha 15 anos, no colégio da cidade de Sirte onde ela estudava. Apenas uma adolescente à época, foi escolhida entre os alunos para entregar um ramo de flores ao então ditador. "Ele estava constantemente sob os efeitos de uma substância e nunca dormia", detalha ela.
Safia, nome usado no "Le Monde" para preservar a identidade da jovem, explica ao jornal que o líder visitava oficialmente a instituição, quando pôs as mãos em suas costas e acariciou os seus cabelos - era o sinal que informava aos seguranças que ele a desejava, como descobriu depois.
No dia seguinte, três mulheres uniformizadas - Salma, Mabruka e Feiza - foram buscá-la na loja de sua mãe e lhe disseram que o líder queria vê-la e dar-lhe alguns presentes. Conta que não podia duvidar do "príncipe de Sirte", o "herói" do país, então com 62 anos.
De acordo com seu relato, foi levada até a caravana do deserto onde se encontrava Kadafi, que antes de lhe pedir que vivesse com ele, perguntou sobre as origens de seus pais e suas condições financeiras. Safia respondeu que gostaria de permanecer com sua família e continuar seus estudos, mesmo depois que lhe ofereceram casas, carros e segurança.
Mas sua súplica de nada adiantou quando foi levada para compartilhar um quarto com outra jovem, também sequestrada, enquanto descobria que outras 20 mulheres viviam igualmente à disposição do líder. Ela recebeu lenços e roupas sensuais e lhe ensinaram a dançar e a fazer striptease, assim como "outros deveres".
Além de sua desgraça pessoal e a das outras jovens, Safia fala sobre as festas regularmente organizadas com modelos italianas, belgas, africanas e estrelas do cinema egípcio, especialmente apreciadas pelos filhos do coronel e outros.
"Para Muammar, eram simples objetos sexuais que podiam passar para outros, depois de tê-los provado", resume a jovem em seu relato, que revela ainda que o coronel tinha também relações sexuais com homens. EFE

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