A Revolução de Francisco.
"Chega de samba e de gays": O anátema dos tradicionalistas católicos à revolução de Francisco
Setores ultraconservadores da Igreja Católica se mobilizam na web contra as ações do Papa Francisco, acusando-o de denegrir o papado. As aberturas anunciadas na recente visita ao Brasil fazem tremer os reacionários de dentro e de fora da Igreja. Este artigo do jornalista italiano Paolo Rodari põe o dedo nas feridas.
Por: Paolo Rodari, do jornal La Repubblica, de Roma
Ervas daninhas crescem na horta de Jorge Mário Bergoglio. Grupos de tradicionalistas, ultraconservadores, e inclusive de "sedevacantistas" (os que acham que todos os papas a partir de 1958 são ilegítimos), encontram na web o húmus que lhes permite proliferar e de onde lançar seus raios de condenação contra papa Francisco. Cada vez mais esse pontífice, reconhecido como defensor da volta ao essencial, do retorno ao Evangelho que, como sonhava Simone Weil, elimina as palavras de principal obstáculo à encarnação de Cristo: anathema sit (algo como "excomungado seja"). Não existem mais excomunhões no papado de Bergoglio, "o papa que já era um Francisco em Buenos Aires", como disse ao jornal Osservatore Romano o seu amigo o cardeal brasileiro Dom Cláudio Hummes. A partir dos fatos, o novo pontífice surge como um problema sério para os tradicionalistas, que construíram boa parte da própria riqueza a partir das condenações.
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Sempre no Rio, fieis devolvem a Francisco o solidéu levado pelo vento
Um dos posts mais incisivos é o que aparece no blog messainlatino.it que se declara a favor da "renovação da Igreja na senda da tradição". Esse post se refere com todas as letras à "crise de identidade do bispo de Roma Francisco". E insiste na pergunta que o Papa formulou a 29 de julho, durante o voo de retorno do Brasil: "Se uma pessoa é gay e busca o Senhor e se trata de uma pessoa de boa vontade, quem sou eu para julgá-la?" Palavras que revelariam "uma real e verdadeira crise de identidade" e que, segundo afirma o blog, "valem muito mais do que os míseros episódios da pastoral de Lampedusa, do samba episcopal do Rio de Janeiro, da recusa das insígnias pontifícias..." Porque seriam "o sinal tangível de um extravio existencial que faz literalmente tremer os nervos e o coração dos fieis". "Mas, Santidade", pergunta ainda, com indisfarçada ironia, o blog messainlatino.it, "não sois, talvez, o 'papa'? Não tendes as chaves para abrir e fechar o Reino dos Céus?". OÁSIS
Setores ultraconservadores da Igreja Católica se mobilizam na web contra as ações do Papa Francisco, acusando-o de denegrir o papado. As aberturas anunciadas na recente visita ao Brasil fazem tremer os reacionários de dentro e de fora da Igreja. Este artigo do jornalista italiano Paolo Rodari põe o dedo nas feridas.
Por: Paolo Rodari, do jornal La Repubblica, de Roma
Ervas daninhas crescem na horta de Jorge Mário Bergoglio. Grupos de tradicionalistas, ultraconservadores, e inclusive de "sedevacantistas" (os que acham que todos os papas a partir de 1958 são ilegítimos), encontram na web o húmus que lhes permite proliferar e de onde lançar seus raios de condenação contra papa Francisco. Cada vez mais esse pontífice, reconhecido como defensor da volta ao essencial, do retorno ao Evangelho que, como sonhava Simone Weil, elimina as palavras de principal obstáculo à encarnação de Cristo: anathema sit (algo como "excomungado seja"). Não existem mais excomunhões no papado de Bergoglio, "o papa que já era um Francisco em Buenos Aires", como disse ao jornal Osservatore Romano o seu amigo o cardeal brasileiro Dom Cláudio Hummes. A partir dos fatos, o novo pontífice surge como um problema sério para os tradicionalistas, que construíram boa parte da própria riqueza a partir das condenações.
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Um dos posts mais incisivos é o que aparece no blog messainlatino.it que se declara a favor da "renovação da Igreja na senda da tradição". Esse post se refere com todas as letras à "crise de identidade do bispo de Roma Francisco". E insiste na pergunta que o Papa formulou a 29 de julho, durante o voo de retorno do Brasil: "Se uma pessoa é gay e busca o Senhor e se trata de uma pessoa de boa vontade, quem sou eu para julgá-la?" Palavras que revelariam "uma real e verdadeira crise de identidade" e que, segundo afirma o blog, "valem muito mais do que os míseros episódios da pastoral de Lampedusa, do samba episcopal do Rio de Janeiro, da recusa das insígnias pontifícias..." Porque seriam "o sinal tangível de um extravio existencial que faz literalmente tremer os nervos e o coração dos fieis". "Mas, Santidade", pergunta ainda, com indisfarçada ironia, o blog messainlatino.it, "não sois, talvez, o 'papa'? Não tendes as chaves para abrir e fechar o Reino dos Céus?". OÁSIS
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