Periódicos científicos brasileiros sob acusação de fraude

Segundo editor-chefe de uma das revistas, o que houve foi um esforço conjunto para aprimorar as publicações, não fraude (Reprodução/Internet)

A Thomson Reuters, uma das principais empresas que avaliam periódicos científicos, suspendeu por um ano a divulgação do fator de impacto de quatro publicações científicas brasileiras por suspeita de fraude.

O fator de impacto mede a qualidade dos periódicos científicos tendo como base o número de vezes que ele é citado em outros estudos. Existem duas formas de fraudar essa medida. A primeira consiste em priorizar a publicação de artigos que citam estudos previamente publicados pela revista. A segunda é conhecida como “empilhamento de citações”, onde editores de diferentes periódicos entram em acordo para publicar artigos que citam a publicação dos outros, promovendo citações cruzadas.

Por suspeitar da utilização do segundo esquema, a Thomson Reuters suspendeu a divulgação do fator de impacto das publicações “Clinics”, “Revista da Associação Médica Brasileira”, “Jornal Brasileiro de Pneumologia” e “Acta Ortopédica Brasileira”. A decisão foi acompanhada da determinação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) de retirar as revistas da base de dados dos “Qualis Periódicos”, quesito usado pela instituição para dar nota e avaliar programas de pós-graduação, mestrado e doutorado no país.

O editor-chefe da “Revista da Associação Médica Brasileira”, Bruno Caramelli, negou a existência de fraude e disse que o que ocorreu foi um esforço conjunto dos editores para aprimorar suas publicações. Para isso foram utilizadas diversas estratégias, entre elas a publicação de artigos de revisão, que consiste em reunir e avaliar os estudos mais relevantes publicados pelas revistas brasileiras nos últimos anos. “Foi essa estratégia que a Thomson Reuters viu como suspeita e não vamos mais fazer isso”, diz Caramelli, ressaltando que as principais vítimas da punição sãos os pesquisadores. “Minha grande preocupação é o prejuízo que isso pode trazer para os programas de pós-graduação e aos autores dos artigos, já que eles não farão parte da pontuação calculada pela Capes. Além disso, se não tivermos estratégias para melhorar nossas revistas, não vamos elevar seus fatores de impacto e elas continuarão não sendo procuradas pelos melhores autores, em um ciclo vicioso”, explicou o editor-chefe.O Globo

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