Um brasileiro chamado Nelson Rodrigues

Por mais carioca que parecesse, Nelson Rodrigues era pernambucano, nascido em Recife (Reprodução/Internet)

A vida de Nelson Rodrigues poderia ser um dos contos da sua consagrada obra “A vida como ela é”. Poderia, mas não caberia tanta tragédia em um conto só. Por muitas vezes tachado de tarado, Nelson se consagrou como um dos mais polêmicos escritores ao colocar as mazelas humanas em suas obras.

Por mais carioca que parecesse, e muitos acreditavam que ele era, Nelson Rodrigues era pernambucano, nascido em Recife no dia 23 de agosto de 1912. Nelson era o quinto filho em um clã de quatorze. Seu pai, Mário Rodrigues era jornalista e por problemas políticos resolveu se mudar para o Rio de Janeiro. Em 1916, toda a família chega à então capital da República.

Aos sete anos, foi matriculado na escola pública Prudente de Morais, onde aprendeu a ler. Com treze anos, Nelson iniciou sua carreira jornalística como repórter de polícia no jornal que seu pai havia fundado.

O escritor publicou seu primeiro artigo em 1928. No mesmo ano, Mário Rodrigues perdeu a sociedade do jornal, que estava cheio de dívidas, e lançou seu novo periódico, chamado Crítica.

Um dia depois do Natal de 1929, o jornal publicou na capa o desquite de Sylvia e José Thibau Jr. No dia 27, Sylvia entra na redação e dá um tiro em Roberto Rodrigues. Nelson ouviu todo o acontecido, que mudaria para sempre a vida dos Rodrigues e influenciaria todo o seu teatro. Dois meses após a morte do filho, Mário Rodrigues morre.

Em 1931, Roberto Marinho convida Mário Filho para assumir a página de esportes de O Globo. Mário aceitou e levou consigo seus irmãos Nelson e Joffre. Mário Filho se tornou um grande jornalista e um dos maiores incentivadores do esporte no país, dando seu nome ao Estádio Mário Filho, vulgo Maracanã.

Com 21 anos, Nelson já havia arrancado todos os dentes, numa tentativa de acabar com sua febre constante. No entanto, era a tuberculose que o atacara. O jornalista foi internado diversas vezes em Campos do Jordão.

Em 1940 ele se casou com Elza, que também trabalhava no O Globo Juvenil. No ano seguinte, escreveu sua primeira peça, A mulher sem pecado. Muitas outras vieram depois, como Vestido de Noiva, Álbum de família, Anjo negro, Senhora dos afogados, Dorotéia, A falecida, Perdoa-me por me traíres , Valsa nº. 6 e Beijo no asfalto.

Em 1945 Nelson dirigiu as redações das revistas Detetive e O Guri, passou pelo “Diário da Noite” e em 1951, já no jornal a Última Hora, estreou “A vida como ela é…”. Publicou mais dois livros, “Engraçadinha — seus amores e seus pecados dos doze aos dezoito” e “Engraçadinha — depois dos trinta”.

Na TV, Nelson participou dos programas “Grande resenha Facit” na TV Rio e “Noite de gala”. Ele escreveu a primeira novela brasileira, “A morte sem espelho”. Em 1966, seu livro “O Casamento” vendeu 8.000 exemplares em duas semanas. De volta ao jornal “O Globo”, passou a publicar “À sombra das chuteiras imortais” e “As confissões”.

Em 1972 seu filho, Nelsinho, passou a ser um dos terroristas mais procurados pelas forças armadas. De 1969 a 1973, Nelson teve participação ativa na localização, libertação ou fuga de diversos suspeitos de crimes políticos. Nelson Rodrigues morreu na manhã do dia 21 de dezembro de 1980.

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