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Rússia supera o Brasil no combate à crise econômica

Enquanto a nota de crédito do Brasil caiu, a da Rússia subiu (Foto: Wikimedia)

O Brasil e a Rússia, a terceira e a quarta maiores economias emergentes do mundo, têm muito em comum além do tamanho. Os dois países têm um Produto Interno Bruto (PIB) anual per capita de cerca de US$ 10 mil, que depende mais do que gostariam das riquezas naturais. Depois da redução dos preços das commodities em 2014, o crescimento econômico diminuiu e as moedas desvalorizaram. Os bancos centrais combateram a inflação, mantendo-a abaixo de 3%. A inflação baixa permitiu que ambos reduzissem as taxas de juros e tivessem uma pequena recuperação econômica.

No entanto, o desempenho quanto ao déficit fiscal das duas economias foi diferente. Em 18 de fevereiro, a agência de risco Fitch rebaixou a nota de crédito do Brasil e, como resultado, os títulos da dívida pública ficaram na categoria de grau especulativo. Alguns dias depois, a agência S&P Global aumentou a nota de crédito da Rússia e classificou sua dívida pública no nível de grau de investimento.

Essa classificação de crédito da S&P Global surpreende em um país envolvido em duas guerras e que sofre a pressão das sanções econômicas impostas por alguns países do ocidente. Mas esse sucesso tem uma justificativa clara e objetiva. Embora tenha uma abordagem geopolítica arriscada, a visão macroeconômica do governo russo é profundamente conservadora.

“A política econômica russa concentra-se em manter a inflação baixa, em estabilizar o orçamento e em aumentar as reservas”, disse Oleg Kouzmin, do banco de investimentos Renaissance Capital. É uma estratégia “defensiva”, observou Timothy Ash, da BlueBay Asset Management, que assessora o governo russo em assuntos referentes a futuras sanções econômicas e na construção de meios de defesa contra a política do ocidente.

Após a queda dos preços do petróleo em 2014, o governo russo reformulou sua política econômica. A equipe econômica desvalorizou o rublo, diminuiu a demanda com o aumento das taxas de juros e reduziu os gastos públicos. De 2013 a 2016, o PIB per capita caiu 40% quando convertido em dólares. Em razão da adoção rápida e eficiente dessas medidas, a resposta da Rússia à crise econômica destacou-se entre as economias emergentes nesta última década, comentou Kouzmin.

Hoje, o déficit público corresponde a apenas 1,5% do PIB. A dívida líquida equivale a 8,4% do PIB. A regra fiscal mais recente exige a manutenção do preço do petróleo a US$ 40 por barril, apesar do preço do petróleo da região dos Urais, na Rússia, estar cotado a mais de US$ 64.

O Brasil não teve um desempenho semelhante ao da Rússia. Em uma tentativa de superar a crise econômica, o governo brasileiro aprovou uma emenda constitucional, que criou um teto para os gastos públicos por um prazo de 20 anos. Mas a tentativa de adiar o aumento dos salários dos funcionários públicos não foi aprovada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A reforma da Previdência, essencial para equilibrar as contas públicas, não conseguiu o apoio do Congresso para ser realizada.

No Brasil, os interesses políticos se sobrepõem aos interesses do Estado. Por outro lado, na Rússia, o presidente Vladimir Putin, com seu poder quase absoluto, tem poucos opositores à sua política fiscal.

A estratégia defensiva da Rússia favorece a classificação de crédito, mas pode reduzir o crescimento econômico. Uma política fiscal e monetária menos rígida estimularia a economia, disse Timothy Ash. “O que adianta ter um bom balanço de pagamentos sem crescimento econômico?”, acrescentou.The Economist

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