BRASIL MAIA X MORO

Projeto anticrime causa atrito entre Maia e Moro

Previsão é que projeto anticrime só seja votado após a reforma da Previdência (Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil)

O projeto de lei anticrime, apresentado pelo ministro da Justiça e da Segurança Pública, Sérgio Moro, em fevereiro parece não ser uma unanimidade entre os poderes Legislativo e Executivo. Enquanto Moro quer dar velocidade à tramitação, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, quer priorizar a reforma da Previdência.

Isso porque, segundo Maia, a Previdência é a prioridade do governo federal. A intenção é que o projeto seja votado ainda no primeiro semestre deste ano. Dessa forma, a análise do projeto anticrime seria atrasada em, pelo menos, 90 dias.

O motivo seria a criação, na última semana, de um grupo de trabalho para analisar o projeto anticrime. O grupo tem o prazo de 90 dias para estudar as propostas. Por isso, na prática, a iniciativa é vista como uma “suspensão” da tramitação do projeto.

Moro, por outro lado, não concorda com o atraso na análise do projeto anticrime, visto também como prioritário por ele. Por isso, o ministro publicou, na Folha de São Paulo, um artigo defendendo o projeto de lei. Ele relembrou os sistemas de corrupção descobertos nos últimos anos e destacou: “os problemas não desaparecem se os ignorarmos”.

“Há muitas prioridades na agenda governamental, como a nova Previdência, mas segurança pública e justiça também são importantes. O tempo está passando. Os alertas evidenciados pelo crescimento da criminalidade grave não devem ser ignorados. Se o passado nos ensina algo, é que os problemas não desaparecem se os ignorarmos”, escreveu o ministro.

Aos jornalistas, após o lançamento da Frente Parlamentar de Segurança Pública, que ocorreu na última quarta-feira, 20, Moro voltou a destacar a urgência do projeto anticrime. No entanto, com tom mais ameno, afirmou que a decisão cabe ao Congresso Nacional, revelando que manterá um diálogo com o Poder Legislativo.

“É um projeto importante, é uma questão urgente. Os eventos que ocorreram esse ano, especialmente no Ceará, acendem uma luz amarela que a questão da segurança pública é algo que tem que ser tratado com a devida celeridade porque as ameaças são cada vez maiores. Na minha avaliação, isso pode tramitar em conjunto, não haveria problemas. Mas nós vamos conversar, estamos abertos ao diálogo, evidentemente, mas as decisões relativas aqui ao Congresso pertencem ao Congresso”, afirmou Moro.

Maia insatisfeito

Rodrigo Maia, reeleito presidente da Câmara dos Deputados, porém, não tem gostado das movimentações de Moro, vistas como uma forma de interferência no Congresso. Em diferentes momentos, Maia fez críticas a Moro devido à sua atuação. Na última quarta-feira, o presidente da Câmara afirmou que, durante o lançamento da Frente Parlamentar da Segurança Pública, o ministro da Justiça descumpriu um acordo com o governo sobre a tramitação do projeto de lei anticrime.

“Eu acho que ele conhece pouco a política. Eu sou o presidente da Câmara e ele é funcionário do presidente Bolsonaro. Então, o presidente é que tem que conversar comigo. Ele está confundindo as bolas. Está ficando uma situação ruim para ele, porque ele está passando daquilo que é responsabilidade dele”, apontou o parlamentar.

Ademais, Maia, mesmo tendo ciência da importância do projeto anticrime, voltou a afirmar que a votação da medida só ocorrerá depois da análise da reforma da Previdência. O parlamentar também afirmou que o projeto vai ser apensado a outro, pois é um “copia e cola”.

“O projeto é importante, aliás ele [Moro] está copiando o projeto do ministro Alexandre de Moraes, copia e cola, não tem nenhuma novidade. E nós vamos apensar um ao outro, o projeto prioritário é o do ministro Alexandre de Morais, que será, no momento adequado, depois da Previdência, votado”.

Projeto divide o Congresso

A tramitação do projeto anticrime no Congresso dividiu os parlamentares envolvidos. O deputado federal Capitão Augusto (PR-SP), eleito coordenador da Frente Parlamentar da Segurança Pública na última quarta-feira, assim como Moro, defendeu a celeridade na tramitação do projeto, classificando-o como uma prioridade.

“A população tem pressa e prioriza a questão da segurança pública. Então não precisa inverter os papéis. Você parar a reforma da Previdência para aprovar pacotes na área da segurança. Mas também que não faça nenhum tipo de obstáculo para os pacotes da segurança pública em favor da reforma da Previdência”, apontou.

O deputado federal General Parnelli (PSL-SP) usou as redes sociais para sair em defesa do ministro Sérgio Moro. Para o parlamentar, o pacote anticrime pode ser votado junto com a reforma da Previdência. “É plenamente possível, e urgente, que as leis do país sejam atualizadas em pontos que combatem a corrupção e as organizações criminosas”, escreveu.

Já a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) saiu em defesa de Rodrigo Maia. A parlamentar criticou as formas de atuação de Moro, e afirmou que o presidente da Câmara “o colocou em seu lugar”. “Moro fez ‘copia e cola’ de PL de Alexandre Moraes. A Câmara avisou que vai apensar. Moro respondeu no ‘Insta da esposa’ ao presidente da Câmara! O ‘funcionário de Bolsonaro’ acha que tem linha direta com chefe de poderes?”.

Enquanto isso, o deputado federal Túlio Gadêlha (PDT-PE) preferiu apontar o enfraquecimento da base aliada do governo federal. Para o parlamentar, assim como o “pacote absurdo” de Moro, a reforma da Previdência também está “perdendo força”. “Até os aliados do governo já começam a perceber isso”.

Apoio a Moro

Nas redes sociais, no entanto, os internautas demonstraram um massivo apoio a Sergio Moro, criticando duramente as ações de Rodrigo Maia. Os usuários das mídias sociais usaram a hashtag Rodrigo respeita Sérgio Moro (#RodrigoRespeitaSergioMoro) para mostrar apoio ao ministro da Justiça.Agência Brasil

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