ESTADOS UNIDOS 11/09

Sobreviventes do 11/09 temem ficar desamparados

Parlamentares lutam para estender um programa que compensa as vítimas do atentado (Foto: wikipedia)

Em 11 de setembro de 2001, o antigo Fuzileiro Naval Charles “Chuck” Flickinger se apresentou como voluntário no Corpo de Bombeiros em Lake Carmel, Nova York, para integrar a equipe de resgate das vítimas dos atentados terroristas ao World Trade Center. Chuck chegou ao local no final da tarde e entrou nos escombros das Torres Gêmeas à procura de sobreviventes.

Ao voltar para casa três dias depois, sua esposa, Charlotte Berwind, notou que ele havia mudado. Nos anos seguintes, pouco conversava com outras pessoas, tinha pesadelos horríveis à noite e crises de sonambulismo.

No entanto, apesar da dificuldade em superar o trauma do resgate das vítimas dos atentados, Charlotte disse à revista Time que a experiência lhe tinha dado um novo sentido na vida. Trabalhou em outras ocasiões como voluntário no Corpo de Bombeiros, estudou enfermagem e participou da ajuda humanitária às vítimas do terremoto no Haiti em 2010, e dos furacões Katrina e Sandy.

Em 11 de abril de 2016, Chuck recebeu o diagnóstico de câncer no esôfago e estômago e morreu menos de nove meses depois, em 1º de janeiro de 2017, aos 56 anos.

Os médicos do World Trade Center Health Program e da Mount Sinai School of Medicine atribuíram sua doença à exposição à poeira tóxica dos bombardeios no World Trade Center. Essa opinião dos médicos permitiu que Charlotte tivesse acesso ao September 11 Victims Compesation Fund, que indeniza as vítimas dos atentados terroristas nas Torres Gêmeas. Até 15 de fevereiro, o fundo beneficiara 21 mil pessoas em um total de US$ 5 bilhões de indenizações.

No dia seguinte, Rupa Bhattacharyya, responsável pela administração do fundo, anunciou um corte de 50% a 70% nos pagamentos de indenizações em razão da redução de verbas.

“Por favor, não nos esqueçam”, disse Charlotte. “Para algumas pessoas, o atentado de 11 de setembro pertence a um passado distante. Mas, infelizmente, milhares de pessoas foram afetadas pela tragédia.”

Ao longo de sua doença, o World Trade Center Health Program financiou os custos do tratamento médico de Chuck. Porém, Charlotte alega que teve despesas durante esse período e que agora enfrenta dificuldades financeiras.

Seu advogado, Matthew J. McCauley, que se dedica à defesa dos direitos das pessoas envolvidas nos atentados, disse que a situação de Charlotte é delicada, porque o marido trabalhou como voluntário na equipe de resgate e, portanto, em tese, não tem direito à indenização.

O September 11th Victims Compesation Fund não mais beneficiará as vítimas dos atentados após 18 de dezembro de 2020. No entanto, os médicos alertam para o número crescente de doenças e mortes relacionadas aos ataques. Segundo dados do World Trade Health Program, houve um aumento de 235% no número de pedidos de indenizações por mortes desde dezembro de 2015.

No mesmo período, o número de pessoas diagnosticadas com câncer devido à exposição aos gases tóxicos no local dos atentados também aumentou. Até 2015, o programa registrou 22% de casos de câncer, mas desde então essa proporção subiu para 32%.

Diante do compromisso moral e humanitário de ajudar as vítimas, em fevereiro um grupo de parlamentares de Nova York reuniu-se com bombeiros e policiais da cidade em Washington, DC, para anunciar um projeto de lei para prorrogar o prazo do programa por 90 anos.Time

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