TECNOLOGIA E SAÚDE

Realidade virtual ajuda pessoas a superar fobias

O medo de altura no grupo que recebeu o tratamento em VR reduziu, em média, 68% (Foto: PxHere)

Não é de hoje que a tecnologia é aliada da saúde. Mas, agora, uma recente pesquisa mostrou que o uso de realidade virtual (VR, na sigla em inglês) pode ajudar pacientes a superarem seus medos. O trabalho foi publicado na The Lancet Psychiatry.

No Reino Unido, pesquisadores da Universidade de Oxford reuniram 100 pessoas, todos maiores de 18 anos, com medo de altura. Os cientistas dividiram os pacientes em dois grupos. Ao todo, 49 usaram tratamento com VR, enquanto os outros 51 não tiveram nenhum tipo de tratamento.

O medo de altura é o principal pavor dos britânicos. Cerca de 23% dos adultos dizem que tem “muito medo” de altura, enquanto 35% afirmam ter um pouco de medo, segundo dados de uma pesquisa de 2014. “É apenas o tipo mais comum de fobia, e sabemos que muitas pessoas não recebem tratamento”, explicou o professor de psicologia da Universidade de Oxford, Daniel Freeman, principal autor da pesquisa, ao Guardian.

Durante duas semanas, 47 pacientes participaram de, pelo menos, uma sessão de realidade virtual – Em média, durante a pesquisa, foram feitas quatro sessões em cada um dos pacientes. Desses, 44 pessoas conseguiram completar todos os exercícios do tratamento. Outros três pacientes não conseguiram concluir os exercícios – dois deles acharam muito difícil e um foi incapaz de comparecer a todas as sessões.

No fim dos testes, o medo de altura no grupo que recebeu o tratamento em VR reduziu, em média, 68%. Já no outro grupo, que não recebeu nenhum tipo de tratamento, a queda, em média, ficou em 3,3%.

“Tenho 60 anos e tenho medo de altura, medo extremo de altura, toda a minha vida. Eu vim para o centro, tive três sessões de VR e já superei tudo que imaginei que poderia. Eu realmente não acho que seria capaz de chegar ao que é conhecido como nível 2, mas eu consegui isso”, afirmou um dos participantes do estudo.

Duas semanas após o estudo ser concluído, os benefícios do tratamento em realidade virtual ainda podiam ser notados. Ademais, poucos efeitos colaterais – muito comuns em quem utiliza VR -, como náusea, foram notados. Apesar do resultado positivo, o estudo enfrentou limitações, já que os resultados foram relatados pelos próprios pacientes.

Warren Mansell, psicólogo clínico da Universidade de Manchester, que não estava envolvido com o estudo, disse que não ficou surpreso pelo sucesso da terapia experimental, mas ainda afirmou que não ficou claro se ela é melhor do que a convencional.

Realidade virtual na saúde

O sucesso do estudo demonstra o que os pesquisadores vêm fazendo ao longo dos anos. A utilização de VR, não apenas para o tratamento de medo de altura, mas de ansiedade, depressão e outras fobias, tem se mostrado promissora. Ainda faltam novos estudos, mais abrangentes, que demonstrem a real eficácia das práticas, mas diferentes médicos já usam o método para lidar com os seus pacientes.

Em entrevista ao Tecmundo, a psicóloga Nataly Martinelli, que usa óculos de realidade virtual para lidar com alguns pacientes, vê grande benefício em usar o método. Isso porque o paciente não passa a depender apenas de sua própria imaginação, mas vivencia a experiência da qual tem medo, enquanto recebe o tratamento.

“Nos tratamentos convencionais de fobias e ansiedade, o enfrentamento do medo é feito normalmente pela imaginação, com situações sendo sugeridas e o paciente pensando nelas, de forma gradativa”, explicou a psicóloga.

A VR permite que o paciente vivencie a experiência de forma mais intensa e real do que apenas imaginando. Mas, é claro, o uso de realidade virtual não pode ser feito sozinho, com um profissional da psicologia realizando procedimentos ao mesmo tempo. Apesar de parecer algo novo, o formato tem sido estudado há anos.

“A realidade virtual é uma tecnologia validada por mais de 20 anos de investigação no campo da Psicologia. A princípio, é uma mudança de paradigma, e, como toda mudança, causa certo desconforto em alguns profissionais”, apontou Nataly Martinelli sobre a validação do tratamento.The Guardian

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