ATENÇÃO REDOBRADA

Otan mira a expansão da frota naval russa no Ártico

Exercícios militares da Otan ocorrem na Noruega (Foto: Oana Lungescu/Twitter)

Em paralelo aos seus maiores exercícios militares desde o fim da Guerra Fria, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) está mantendo seus olhos na Rússia. Isso porque os russos estariam expandindo a sua frota naval, que já conta com mais de 40 submarinos de combate, segundo o comandante americano James G. Foggo, que supervisiona as manobras militares da Otan.

A Trident Juncture, como estão sendo chamados os exercícios militares, acontecem até o próximo dia 7 de novembro. Mesmo assim, a Otan demonstra não querer esquecer a movimentação da Rússia na proximidade da Islândia. “Eles estão nos informando que estão lá fora”, afirmou Foggo sobre o aumento dos submarinos russos nos oceanos Atlântico Norte e Ártico.

“Eles estão operando em números muito maiores e em lugares que não operaram antes”, explicou o comandante. Para manter as atividades russas sob observação, a Otan está fazendo voos frequentes na região, partindo da base norte-americana no Aeroporto Internacional de Keflavik, na Islândia. A Estação Aérea Naval dos EUA na Islândia havia sido desativada em 2006, mas foi reativada pela crescente preocupação com a Rússia.

Tanto que, durante o ano de 2014, os aviões da Otan fizeram voos em apenas 21 dias para observação. Enquanto isso, em 2017, os aviões decolaram em 153 dias. A tendência é de que neste ano o número aumente novamente.

“Os russos continuaram a investir em pesquisa, desenvolvimento e produção de submarinos muito capazes. Eles têm sido nossos adversários mais capazes”, apontou Foggo, em entrevista à CNN. A Islândia tem sido usada como um ponto estratégico da Otan, pois, para ir do Ártico ao Atlântico aberto, os submarinos russos precisam passar próximo ao país.

Para o ex-capitão da Marinha dos Estados Unidos Carl Schuster, que é professor da Hawaii Pacific University, a preocupação da Otan com a Rússia é culpa dos próprios países integrantes do bloco. Isso porque as nações teriam reduzido suas frotas e operações militares ao longo dos anos, enquanto a Rússia não abandonou as atividades.

“A Otan ignorou [a ameaça da Rússia] até recentemente para se concentrar em outras preocupações de segurança. […] As ações agressivas e a intenção de Moscou determinarão o momento e o lugar de uma crise, enquanto as nações ocidentais devem estar presentes e prontas para responder em todos os momentos”, destacou Schuster.

O comandante Foggo parece concordar com a afirmação, apontando os avanços tecnológicos em submarinos russos, que estão mais silenciosos, são movidos à energia nuclear e capazes de disparar mísseis balísticos. Por isso, a Otan tem aumentado as operações na Islândia. “Não podemos mais presumir que podemos navegar impunemente em todos os oceanos”, diz Foggo.

Preocupados com as atividades russas, os Estados Unidos estão gastando US$ 34 milhões para atualizar as instalações na Islândia, permitindo a utilização de ferramentas tecnológicas mais atuais. Para observar os russos, os americanos, que são os principais financiadores da Otan, contam ainda com o auxílio de países parceiros, como o Reino Unido e a Noruega.

“O oceano é grande … É uma partida de xadrez entre o subcomando e todos os bens que estão tentando encontrá-lo. […] Trabalhamos com navios, trabalhamos com outras aeronaves, trabalhamos com outras nações para ajudar a obter a imagem”, explicou o tenente-comandante Rick Dorsey, coordenador tático de uma unidade americana de aviões P-8.

Crescente russa

Em setembro deste ano, a Rússia também realizou os seus maiores exercícios militares desde o fim da Guerra Fria, que contou ainda com o apoio de tropas da Mongólia e da China. Os russos, porém, disseram que eram apenas manobras militares, não uma ameaça a ninguém.

Antes disso, em março deste ano, o vice-almirante Oleg Burtsev, ex-chefe das forças navais russas, destacou a importância de investir nas forças submarinas por uma questão de segurança nacional. “Isso porque os planos da liderança do nosso país e do nosso exército são para garantir que somos capazes de contrariar com dignidade qualquer inimigo provável de todas as direções”.

O almirante Vladimir Komoyedov, ex-chefe da frota do Mar Negro, por sua vez, revelou que a Rússia ainda tem um caminho pela frente para equiparar sua força com os militares da Otan. De acordo com Komoyedov, a Rússia tem um “nível qualitativo bastante alto”, mas ainda deixa a desejar em quantidade.

Exercícios da Otan

A Otan realiza, desde a última quinta-feira, 25, os seus maiores exercícios militares pós-Guerra Fria. Com o objetivo de manter a transparência, a Otan convidou ainda observadores de países que não integram o bloco para verificar as manobras. A Rússia e a Bielorrússia aceitaram o convite e estão observando os exercícios.

“Quero que eles estejam lá porque isso transmite a força da aliança”, afirmou o comandante Foggo sobre a presença dos observadores nas manobras militares. Os exercícios da Otan contam com a presença de 31 países – todas as 29 nações integrantes do bloco mais Finlândia e Suécia -, 65 navios, 250 aviões, 10 mil veículos e 50 mil soldados.CNN

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