INTERNACIONAL SENEGAL

Human Rights Watch denuncia exploração e abusos sexuais de alunas em escolas do Senegal

Diretores das escolas encobrem as acusações das alunas para proteger sua reputação e por medo de perder funcionários (Foto: Human Rights Watch)

Fanta tinha apenas 16 anos quando começou a ter relações sexuais com um professor de 30 anos. Um ano depois, ela engravidou.

Ao ser interpelado pelo pai da menina, o professor negou que tivesse qualquer envolvimento com ela. Fanta vive em Sédhiou, no sul do Senegal, uma região com altos índices de gravidez na adolescência.

Fanta é uma das dezenas de meninas que disseram à ONG Human Rights Watch (HRW), que foram coagidas a fazer sexo com seus professores nas escolas secundárias do Senegal.

O novo relatório da HRW intitulado “It’s Not Normal: Sexual Exploitation, Harassment and Abuse in Secondary Schools in Senegal”, revelou que as meninas são abusadas por seus professores em troca de melhores notas, comida, celulares e roupas novas.

Aïssatou, de 16 anos, contou aos pesquisadores da HRW que seu professor a chamou para ir à sua casa. Mas assim que se recusou a ter relações sexuais, ele a ameaçou com notas baixas, em uma clara demonstração de abuso de poder.

Na elaboração do relatório, os pesquisadores entrevistaram mais de 160 jovens e 60 pessoas, entre as quais especialistas da área de educação, psicólogos, pais e membros do governo de quatro regiões do Senegal.

Em 2013, o governo do Senegal criou um amplo programa de combate à exploração sexual, ao abuso de poder e à discriminação de gênero nas escolas.

Um professor acusado de abuso sexual pode ser condenado a 10 anos de prisão, de acordo com as leis do país. Porém, apesar das medidas do governo, a violência sexual ainda é comum nas escolas senegalesas.

Em um relatório divulgado em 2013, a ONG Plan International citou que 11% das jovens no Senegal responsabilizam os professores por suas gestações.

Em entrevista ao CNN, a pesquisadora da HRW, Elin Martinez, disse que muitos casos de assédio sexual não são denunciados ou investigados.

“Em alguns casos os professores aliciam as alunas com mensagens de texto, que o governo não tem acesso, e as meninas não se sentem confiantes em contar à direção da escola que estão sendo assediadas pelos professores”, observou Martinez.

Segundo o relatório da HWR, os diretores das escolas encobrem as acusações das alunas para proteger sua reputação e por medo de perder funcionários.

“Alguns diretores resolvem os problemas internamente sem levá-los ao conhecimento da polícia e dos promotores”, disse Martinez ao CNN.

Nora Fyles, diretora da Iniciativa de Educação de Meninas das Nações Unidas (UNGEI), não se mostrou surpresa com as denúncias da HRW.

“Além de uma questão de direitos humanos, o abuso sexual de meninas nas escolas do Senegal envolve o tema da educação, uma vez que as jovens grávidas interrompem seus estudos. A UNGEI está trabalhando com o Ministério da Educação do Senegal, com a Unesco e outras instituições internacionais na luta contra a exploração sexual de alunas adolescentes no país.CNN

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