ELEIÇÕES 2018

FHC se compromete com democracia, mas não promete apoio a Haddad

Através das redes sociais, FHC tem criticado com frequência o presidenciável Jair Bolsonaro (Foto: Wikimedia)

Crítico ao governo do PT, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso se comprometeu com a democracia durante uma conversa telefônica com o presidenciável Fernando Haddad (PT). De acordo com uma reportagem do jornal Valor Econômico, FHC se comprometeu a intensificar os alertas para o risco que Jair Bolsonaro (PSL) representa para a democracia, mas não afirmou que apoiará a candidatura de Haddad.

Mesmo tendo se posicionado em diferentes oportunidades contra o PT, FHC mantém um bom relacionamento com Fernando Haddad. Ambos são acadêmicos e têm parte da carreira baseada na Educação. A conversa na qual FHC teria se comprometido com a democracia ocorreu no fim da tarde da última segunda-feira, 22.

Horas depois, na noite da última segunda-feira, Fernando Henrique voltou a expor o risco que estas eleições presidenciais apresentam para a democracia. Sem citar diretamente, FHC fez menção ao discurso de Bolsonaro na Avenida Paulista, em São Paulo, no último domingo, 21, quando o deputado se comprometeu a “banir vermelhos”. A declaração foi percebida como uma ameaça a qualquer um que represente oposição.

“Inacreditável: um candidato à Presidência pedir às pessoas que se ajustem ao que ele pensa ou pagarão o preço: cadeia ou exílio. Lembra outros tempos. O que o Brasil precisa é de coesão no rumo do crescimento e diminuição da desigualdade”, escreveu FHC nas redes sociais.

Em publicações anteriores no Twitter, FHC já tinha se posicionado contrário à Jair Bolsonaro. No último domingo, por exemplo, o ex-presidente afirmou que a declaração do deputado federal Eduardo Bolsonaro sobre fechar o Supremo Tribunal Federal (STF) “cheiram a fascismo”. Já no último sábado, 20, Fernando Henrique exaltou a importância de “defensores da democracia”.

Após uma entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, Fernando Haddad negou a jornalistas que tenha entrado em contato com FHC para buscar apoio, como estava sendo divulgado por parte da imprensa. De acordo com o presidenciável, o telefonema foi apenas para falar sobre a democracia, com a qual Fernando Henrique Cardoso tem mostrado grande preocupação.

“Ele [FHC] tem se manifestado na rede social muita preocupação em relação às declarações do meu adversário, que são realmente muito preocupantes, são muito ameaçadoras contra as instituições e, ontem [domingo], contra a integridade física dos seus opositores, em caso da sua vitória. Então, o presidente Fernando Henrique, que é um democrata, tem manifestado muita preocupação com esta escalada de violência promovida pelo Bolsonaro”, apontou Haddad, segundo noticiou a Veja.

Frente democrática

Na reta final do segundo turno das eleições, Fernando Haddad parece estar apostando em seu posicionamento em prol da democracia, e apontando afirmações supostamente antidemocráticas de seu adversário. Com isso, Haddad segue tentando costurar e reforçar uma aliança suprapartidária.

Entre os adversários na corrida presidencial, Haddad já garantiu o apoio de Guilherme Boulos (Psol) e o “apoio crítico” de Ciro Gomes (PDT). Na última segunda-feira, Marina Silva (Rede) usou as redes sociais para também dar o seu “voto crítico” ao presidenciável.

“Diante do pior risco iminente, de ações que, como diz Hannah Arendt, ‘destroem sempre que surgem’, ‘banalizando o mal’, propugnadas pela campanha do candidato Bolsonaro, darei um voto crítico e farei oposição democrática a uma pessoa que, ‘pelo menos’ e ainda bem, não prega a extinção dos direitos dos índios, a discriminação das minorias, a repressão aos movimentos, o aviltamento ainda maior das mulheres, negros e pobres, o fim da base legal e das estruturas da proteção ambiental, que é o professor Fernando Haddad”, escreveu Marina.

Por outro lado, João Amoêdo (Novo) declarou, no último domingo, em um artigo publicado na Folha de São Paulo, que vai “mais uma vez” votar “contra o PT”. No entanto, destaca que seu voto não vai para um projeto em que acredita, “defenda e apoie”. Já Geraldo Alckmin (PSDB) apenas revelou que os políticos do partido estão livres para apoiar o candidato que desejam.

Fora do campo presidencial, Haddad também reforça as movimentações para garantir o apoio de nomes importantes. Ele ainda mantém conversas próximas com o ex-ministro do STF Joaquim Barbosa, e acenou para o educador e filósofo Mario Sérgio Cortella para assumir um possível cargo de ministro da Educação.

Na noite desta terça-feira, 23, Haddad participa de um dos maiores e mais importantes eventos de sua campanha presidencial. O presidenciável vai se reunir com personalidades brasileiras, com a sua vice Manuela d’Ávila e com Guilherme Boulos em um ato nos Arcos da Lapa, na região Central do Rio de Janeiro, chamado de “Ato da Virada”.

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