BRASIL X ONU

Discussão na ONU sobre Amazônia exclui Brasil

© Reuters

Na véspera do discurso do presidente Jair Bolsonaro na Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), o Brasil ficou isolado do principal foro de discussão sobre meio ambiente, tema que tem causado desgaste para o governo brasileiro no exterior e deve ser central na fala do presidente na abertura do encontro da ONU em Nova York.

Na segunda-feira, 23, líderes internacionais, entre eles o presidente francês, Emmanuel Macron, debateram os rumos das florestas tropicais no mundo - incluindo a Amazônia, a maior delas - sem a presença de representantes do governo brasileiro.

A Assembleia-Geral da ONU se tornou o maior teste de política externa para Bolsonaro, que desembarcou na tarde desta segunda na cidade americana.

Conforme a tradição, o presidente do Brasil é o responsável pelo discurso de abertura, mas o que difere dos anos anteriores é a atenção que tem sido dispensada ao País. Pouco menos de um mês antes do evento, imagens da Amazônia em chamas foram parar nas manchetes dos principais jornais estrangeiros e as queimadas na floresta viraram assunto de líderes mundiais.

Ontem, enquanto Bolsonaro viajava de Brasília a Nova York, presidentes de diversos países anunciavam, em reunião da Cúpula do Clima da ONU, a liberação de US$ 500 milhões do Banco Mundial, do Banco Interamericano de Desenvolvimento e da ONG Conservação Internacional para ajudar a proteger as florestas tropicais do mundo.

O encontro foi liderado por Macron, com quem Bolsonaro travou em setembro uma queda de braço em torno da questão ambiental. Apenas o governador do Amapá, Waldez Góes (PDT), representou o País, e sem espaço de fala, após uma oposição feita pela Colômbia. A articulação para barrar a manifestação de Góes foi feita pelo Itamaraty, conforme o jornal O Estado de S. Paulo apurou.

O governo brasileiro tenta fazer dos corredores das Nações Unidas um palco para gestão da crise diplomática que teve como fator de combustão as falas de Bolsonaro - durante a campanha e já na cadeira de presidente - sobre política ambiental e a exploração da floresta.

Bolsonaro terá 20 minutos para seu discurso. Deverá defender a soberania do País e os compromissos ambientais. Nos Estados Unidos há seis dias, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, tem concedido entrevistas à imprensa internacional para afirmar que as queimadas estão dentro de uma média dos últimos 15 anos.

O Planalto tem contestado o que chama de tentativa de intervenção e de ferir a soberania brasileira. Com base neste argumento, Macron já foi alvo de ataques. No evento desta segunda, o francês quis se mostrar aberto ao diálogo, mas criticou a ausência do Brasil, que detém mais de 60% de todo o bioma amazônico, dividido com oito países.

"Riscos? Francamente, tem um primeiro. Todo mundo pergunta: como vai fazer sem o Brasil? O Brasil é bem-vindo, eu acho que todos devem trabalhar com o Brasil, com os Estados da região. É bom que isso aconteça de forma respeitosa. As próximas semanas permitirão uma solução política que será um avanço", disse Mácron.

Fundo

O presidente francês, que vem se indispondo desde a reunião do G-7 com Bolsonaro, questionou o posicionamento do País sobre o Fundo Amazônia. "A gente se reúne, tem números, palavras, mas nada de resultado. Quando eu olho para as coisas, o que me inquieta é o Fundo Amazônia, que foi suspenso porque o Brasil não cumpriu a integralidade dos critérios que foram definidos", disse Macron se referindo à suspensão de parte dos repasses por Noruega e Alemanha, os dois principais colaboradores do fundo.

Ao Estado, Góes, que estava representando os Estados da região como presidente do Consórcio da Amazônia Legal, afirmou achar uma "pena" não ter tido a chance de se pronunciar. "É um debate importantíssimo, vimos pessoas do mundo inteiro se posicionando sobre a Amazônia e não teve ninguém do governo brasileiro falando." ESTADAO

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