BRASÍLIA GOVERNO

O que é o ‘Gabinete do Ódio’ do governo

Grupo ocupa gabinete no Palácio do Planalto e tem laços com Carlos Bolsonaro (Foto: Instagram)

A notícia da existência do chamado “Gabinete do Ódio” no Palácio do Planalto despertou curiosidade na última sexta-feira, 19, quando sua presença em Brasília foi divulgada em reportagens do Estado de S.Paulo e da Folha de S.Paulo.

Liderado por Tercio Arnaud Tomaz, José Salles Gomes e Mateus Diniz – todos com idades entre 25 e 31 anos – o gabinete é apontado como responsável pela alta no índice de reprovação de Bolsonaro.

O trio é responsável por manter nas redes sociais a imagem de Bolsonaro como “mito”, apelido que conquistou durante campanha, especialmente entre eleitores mais jovens, e que ajudou a alçá-lo à presidência da República. Tal imagem foi construída através da radicalização do discurso de Bolsonaro.

Porém, atualmente, eles vêm sendo apontados por alas moderadas do governo como os principais responsáveis pela derrocada da popularidade do presidente, que segundo pesquisa recente do Datafolha, viu seu índice de reprovação atingir 38%.

Quem são os integrantes

Tercio Arnaud Tomaz, José Salles Gomes e Mateus Diniz ganharam espaço no governo por conta de sua relação com Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), outra figura polêmica, que, por vezes, se envolve em embates com membros do governo – como na ocasião em que inflou ataques contra o vice-presidente Hamilton Mourão, acusado por ele de ser um traidor em busca de usurpar o lugar de seu pai, e com o ex-secretário-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, que em fevereiro deste ano chegou a dizer que foi demitido do cargo por Carlos Bolsonaro.

A aproximação entre eles se deu por conta de perfis pró-Bolsonaro administrados pelo grupo nas redes sociais, entre eles, o “Bolsonaro Opressor 2.0”.

Antes de compor o Gabinete do Ódio, o trio trabalhou na campanha presidencial de Bolsonaro. Atualmente, eles são responsáveis pelas redes sociais do presidente da República, sob a chancela de Carlos Bolsonaro, que tem a senha da conta do pai. Eles também têm influência do assessor especial da Presidência, Arthur Weintraub – que é irmão do ministro da Educação, Abraham Weintraub, e adepto da retórica de ataques, chacotas e apelidos ofensivos típica da cartilha de Olavo de Carvalho.

Com tal apoio garantido, o trio, por vezes, se dirige a outros funcionários do Planalto em tom de ameaça, com mensagens do tipo “Carlos não vai gostar” e “Você se lembra do que aconteceu com Santos Cruz e Bebianno”, – em referência à queda de Santos Cruz, que virou alvo em maio, após defender o uso disciplinado das redes sociais.

O que faz o trio

Tercio, José e Mateus, que têm salários que vão de R$ 10 mil a R$ 13,6 mil, estão por trás da retórica beligerante de Bolsonaro. Foram eles que influenciaram o presidente a promover uma escalada de radicalização do discurso em julho – quando o presidente deu uma série de declarações polêmicas, algumas de conteúdo falso. Todas elas com o objetivo de “mitar”.

O trio também foi responsável por orientar Bolsonaro a cancelar uma reunião com o chanceler francês Jean-Yves Le Drian, para, em seguida, aparecer na hora aproximada do encontro cortando o cabelo em uma transmissão ao vivo nas redes sociais – algo que contribuiu para o posterior atrito diplomático com o governo francês.

Porém, para a ala moderada do governo, tais “brincadeiras” têm gerado um alto custo. Segundo fontes ouvidas pela Folha, a avaliação é que o presidente tem sido a maior vítima do “Gabinete do Ódio”.

Diante dos estragos causados, iniciou-se uma tentativa de blindar Bolsonaro. As orientações do Gabinete do Ódio passaram a ser sujeitas a uma espécie de filtro e Bolsonaro passou a dar mais atenção a outro trio, composto pelos ministros Jorge Oliveira, da Secretaria-Geral, Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional, e Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo.

A troca, no entanto, não foi bem recebida pelo “Gabinete do Ódio” e seus integrantes passaram a usar as redes sociais para promover ataques contra membros do novo trio.

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